Golden State Warriors e Boston Celtics começam a decidir o título da NBA nesta quinta-feira (2) em São Francisco.
Os Warriors são o terceiro time mais vezes campeão, ao lado do Chicago Bulls, com seis títulos.
Os Celtics dividem com o Los Angeles Lakers o primeiro lugar no pódio, com nada menos de 17 títulos.
Um pode se isolar como terceiro maior ganhador, com sete taças, e o outro, ficar sozinho no lugar mais alto, com 18.
No mínimo jogarão quatro vezes, as duas primeiras partidas em São Francisco e as outras duas em Boston.
Se não houver a improbabilíssima varrida de 4 a 0, o quinto jogo volta a São Francisco; havendo necessidade, o sexto será em Boston, e o sétimo está agendado para a cidade da encantadora Golden Gate Bridge, pela melhor campanha do time dirigido por Steve Kerr. O diabo estará lá.
Kerr foi tricampeão como jogador dos Bulls, ao lado de Michael Jordan, o Pelé do basquete, e vê alguma semelhança entre Jordan e Stephen Curry, seu melhor comandado. "Acho que Stephen é como Michael Jordan em muitos aspectos. Há tantos momentos incríveis em que ele nem se destaca mais porque é o que você espera que ele faça. Ou seja, talvez isso seja o seu maior sinal de grandeza", disse em entrevista no final do ano passado, para realçar o espírito coletivo de Curry.
Apesar de ser o histórico recordista de cestas de três pontos, estabelecendo um recorde que será tão difícil de quebrar como o dos 1.283 gols de Pelé, Curry, 34, joga basquete, esporte coletivo, não bola ao cesto, individual.
Tem para acompanhá-lo o brother Klay Thompson, 32, quase tão mortal como ele nos arremessos de longa distância, e o coração e alma do quinteto, o explosivo Draymond Green, 32.
Kerr, também treinador da seleção olímpica americana, é uma espécie de Pep Guardiola do basquete, não apenas pelas mudanças que introduziu no jogo, mas pelo engajamento nas questões sociais.
Seu desabafo depois de mais um morticínio causado pela criminosa política armamentista nos Estados Unidos, na semana passada, numa escola no Texas, ganhou o mundo. "Nos últimos dez dias, tivemos idosos negros mortos em um supermercado em Buffalo. Tivemos fiéis asiáticos assassinados no sul da Califórnia. E agora temos crianças assassinadas na escola. Quando vamos fazer alguma coisa? Estou cansado disso. Estou cansado de subir aqui e dar condolências às famílias devastadas que estão lá fora... Estou cansado dos minutos de silêncio. Chega!", esmurrou a mesa da entrevista coletiva, recusou-se a falar de basquete, levantou-se e foi embora.
Kerr, nascido no Líbano, perdeu o pai, reitor da Universidade Americana de Beirute, em 1984, com dois tiros na nuca num atentado terrorista.
Boston volta às finais depois de 12 anos e já disputou decisão com São Francisco, 58 anos atrás, quando venceu por 4 a 1.
Jayson Tatum, 24, é a maior atração dos celtas, outro arremessador de mão cheia, que chuta de três pontos como se mandasse beijos para namorada.
Ele chutando e Marcus Smart, 28, marcando e passando, são as duas principais armas para evitar que o pequeno favoritismo do experiente Golden State se concretize.
Como espero não haver nenhuma rara leitora ou raro leitor que torçam pelo Boston Celtics, comunico minha torcida por Curry, Kerr, Green e Thompson. Pelo basquete —e pelas atitudes.
Go, Warriors, go!
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