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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Chocolate

Kopenhagen perde a marca Língua de Gato em briga com Cacau Show

Justiça do Rio de Janeiro determina que não cabe exclusividade da marca e libera uso por qualquer concorrente da fabricante de chocolates

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Brasília e São Paulo

A Justiça do Rio de Janeiro derrubou a exclusividade da marca Língua de Gato da Kopenhagen em uma disputa envolvendo a Allshow, uma das controladoras da Cacau Show. Ainda cabe recurso ao processo.

Na decisão, a juíza Laura Bastos Carvalho considerou que a tradicional fabricante de chocolates não demonstrou a singularidade da marca ao registrá-la no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

"Ficou comprovado que a expressão 'língua de gato' é de uso comum para designar chocolates em formato oblongo e achatado", escreveu a juíza na decisão.

Loja da Kopenhagen em São José dos Campos (SP)
Loja da Kopenhagen em São José dos Campos (SP) - Lucas Lacaz Ruiz - 11.abr.17/Folhapress

No processo, a sócia da Cacau Show elenca uma lista de fabricantes estrangeiros que usam a língua de gato em seu portfólio de produtos com o mesmo nome.

A companhia recorreu à Justiça afirmando que a Kopenhagen move uma onda de processos a concorrentes que lançam produtos similares.

Antecendentes

A controvérsia teve início porque a Cacau Show pretendia lançar o "Panetone Miau" com a descrição "Panettone Clássico com chocolate ao leite em formato de língua de gato".

Para a Kopenhagen, isso seria prova de que a concorrente tinha o intuito de se aproveitar do sucesso na marca Língua de gato, comercializada desde 1940, para além dos chocolates em forma oblonga.

Em sua defesa à Justiça, a fabricante disse que o uso indevido da marca por terceiros mostra "a intenção parasitária de seus concorrentes em tentar associar seus produtos aos da Kopenhagen".

Para a juíza, a alegação de que os concorrentes fariam uso parasitário da marca não é correta, porque os chocolates em tal formato são popularmente comercializados no mundo desde o século XIX, sempre sendo designados por expressões relativas à sua forma.

Mais de 80 anos

No processo, a Kopenhagen considera que, se a marca fosse meramente descritiva da forma do produto, o Baton ou Diamante Negro poderiam ter seu nome usados por concorrentes desde que lançassem chocolates em forma de batom ou de diamantes negros.

"Isso implicaria, em vias transversas, a negativa de tutela à propriedade industrial aos titulares de registro de marcas arbitrárias", diz a empresa na ação.

Sócio da Daniel Advogados, Fábio Leme, representante da AllShow, diz que a decisão evita abusos na Lei de Propriedade Industrial.

"A decisão é um passo crucial para assegurar um mercado mais justo e competitivo. É fundamental que os particulares tenham clareza sobre a impossibilidade de se apropriar de termos genéricos que pertencem ao domínio público", disse Leme.

Em nota, a Kopenhagen afirma que o processo está em andamento e não vai comentar o caso.

"Ressaltamos apenas se tratar de uma decisão de primeira instância e que ainda há um longo percurso jurídico a ser seguido até a conclusão, estando a empresa convicta de que essa decisão será revertida", disse a companhia.

Com Diego Felix

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