Torcedores do Boca Juniors e do River Plate abraçados. Do Racing e do Independiente também.
O estádio 974, em Doha, mais parecia a junção da Bombonera com o Monumental de Núñez, ou que Avellaneda era, de fato, uma só. Sem exagero, 85% do estádio estava de azul e branco.
Lionel Messi corria o risco de se despedir definitivamente das Copas do Mundo em sua quinta participação.
De algum lugar vinha o som abafado pelos "hinchas" da voz de Carlos Gardel: "Por una cabeza", cantava ele, cada vez melhor.
Robert Lewandowski, nenhum parentesco com o ministro do STF, estava disposto a pôr fim na aventura mundialista do pequeno grande rival que não votou nele para melhor do mundo.
Felizmente, para sorte da Copa do Mundo, não conseguiu.
"Con el corazón en la punta de la bota", mesmo nervosos e ansiosos, com erros que a escola argentina não pode cometer, "los pibes" não deram trégua aos poloneses.
Messi entregava redondo e recebia melancia, mas, com paciência de Jó, não desistia.
Havia claramente uma questão de "jerarquía" em campo, e os bicampeões mundiais haveriam de se impor.
Até que o goleiro Szczesny, que fechava o gol, fez pênalti em Messi, cobrado por ele mesmo e defendido pelo novo Tomaszewski, o monstruoso goleiro polonês nos anos 1970.
Definitivamente, Messi não mereceria sair da Copa e ainda perdendo pênalti. Os deuses dos estádios não podem ser tão cruéis.
Daí ter sido justo que Mac Allister, aos 47, batesse cruzado, com direito a raspar a trave, para botar a Argentina na frente e a Polônia na roda, porque não viu mais a bola, de "pie en pie".
E assim se construiu o 2 a 0, em golaço de Alvarez.
Todos salvos. Messi inclusive.
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