Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Um Palmeiras para todos verem

Vence e convence é o clichê. Ganha e encanta é o que o time de Veiga tem feito

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Que o Palmeiras faz tempo tem vencido e convencido é mais que sabido.

Convencido, principalmente, seus torcedores, felizes com as vitórias e as taças, como a ocupação da casa verde comprova à exaustão.

Nem por isso escapa dos chatos, nós, os da crítica, ou para não dividir responsabilidades, deste chato, que sempre reconheceu os méritos do time e frequentemente pede mais, reclama por fantasia.

Ignoro o que acontecerá no jogo contra o Bragantino, deixo para depois qualquer observação.

Limito-me às vitórias, goleadas, bailes, aplicados tanto no humilde Goiás quanto no arrogante, por causa de Renato Gaúcho, Grêmio.

Quando o Palmeiras ganhou o Campeonato Brasileiro, assim como quando venceu duas Libertadores, ninguém ouviu Abel Ferreira dizer que sua equipe era "de outro patamar", embora fosse, ao menos na América.

A frase, ser "de outro patamar", é da feliz autoria de Bruno Henrique, sobre o Flamengo de 2019 e caiu muito bem por verdadeira e espirituosa, totalmente adequada na boca de um jogador.

Renato Gaúcho a disse depois da vitória gremista por 1 a 0 sobre o Caxias, da Série D brasileira, 70° colocado no ranking nacional, na decisão do último Gauchinho.

O Palmeiras tratou de mostrar-lhe qual é o degrau tricolor.

Raphael Veiga comemora gol com o braço direito levantado e apontando o dedo para cima
Raphael Veiga comemora gol na vitória do Palmeiras em cima do Grêmio, no Allianz Parque, em São Paulo - Cesar Greco/Palmeiras

No show do 4 a 1, que teve tudo para ser 6 a 0, um gol a mais que no passeio pela Serrinha, em Goiás, a diferença de patamares ficou tão clara como assustadora.

Para quem chorava a ausência de Gustavo Scarpa (primeirão qualquer coisa!), Artur começa a permitir esquecê-lo.

Para quem tem saudade de Danilo, e é mesmo para ter, Zé Rafael e Gabriel Menino tratam de diminuí-la.

E Dudu nem precisa fazer gols, embora tenha feito em Goiânia, para enlouquecer as defesas adversárias.

Se o calendário permitir e o Palmeiras mantiver tamanha qualidade, até um chato admitirá estar diante de nova Academia, para uns a terceira, para outros, como este pobre colunista, a quarta. Porque o time de 1996, por menor que tenha sido a duração, merece a grife: Velloso; Cafu, Sandro Blum, Cléber e Júnior, Flávio Conceição, Amaral, Rivaldo e Djalminha; Müller e Luizão.

Blum entra aí um pouco como Pilatos no Credo, mas Félix está na seleção tricampeã da Copa de 1970, e nem por isso.

Voltemos aos protagonistas de hoje.

Aos poucos, os que seriam candidatos a Blum crescem a olhos vistos, como Mayke, como Luan, fruto de trabalho cada vez mais recatado, nas entrevistas, não ainda à beira do campo, do treinador português, além do mais filósofo do futebol, sem a garganta de Gaúcho, nem a superficialidade de Luxemburgo.

Como já foi o Flamengo, como é hoje o Fluminense (e o Cruzeiro está de parabéns pela maneira como o enfrentou), o Palmeiras está dando gosto de ser visto.

Um dia perderá, como Abel Ferreira não se cansa de dizer, mas o difícil é saber quando.

E, quando acontecer (será contra o Bragantino?) nada alterará a simples constatação de que este Palmeiras vale o ingresso e o tempo a ele dispensado.

Quer apostar?

Aposta quem quer, promove-a quem deseja, corrompe-se quem se apraz.

Em 1982, foram mais de 130 denunciados da Máfia da Loteria Esportiva; em 2005, na Máfia do Apito, dois árbitros e seus cinco parceiros em apostas clandestinas; agora, já temos 36.

Sejam quantos forem, há uma certeza: a de que, se tem aposta, tem corrupção.

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