Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Como nas provas do turfe, o Brasileirão chega ao término com muita emoção

Botafogo era barbada e agora parece não pagar nem placê

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Cabeça a cabeça, o Campeonato Brasileiro de 2023 chega às últimas seis rodadas, para alguns, ou cinco, para a maioria, com suspense como nunca antes neste país.

O líder Botafogo, menos, o Grêmio, surpreendente, o Palmeiras, sempre, o Bragantino, azarão, e o Flamengo, ao correr por fora, com chances de levantar a taça. Até o Atlético Mineiro ainda pode cantar de galo caso o inesperado pregue mais uma peça nesta corrida maluca que justifica a fama de ser o torneio mais equilibrado do planeta. Longe de ser o melhor, é, disparado, o mais emocionante.

Havia um locutor que, ao transmitir as corridas dos cavalinhos no Jockey Club de São Paulo, anunciava antes do momento culminante na linha de chegada: "E entram na reta final". Mais que os quadrúpedes a se atropelar, impressionava a rapidez do relato sem que nenhuma palavra se sobrepusesse às seguintes.

Pois eis que está difícil não quebrar a língua neste final de campeonato. A cara quebramos todos, com nossas previsões dignas dos economistas e dos meteorologistas.

O Botafogo era barbada e agora parece não pagar nem placê, quer dizer, não chegar nem entre os três primeiros —a materialização do chamado paraguaio, com todo o respeito aos guaranis.

O Grêmio veio da Série B e está no páreo, enquanto os outros três que subiram com ele, Bahia, Cruzeiro e Vasco, lutam desesperadamente para não cair outra vez, depois de terem virado SAF e o diabo a quatro.

Suárez anota gol do Grêmio contra o Botafogo; vitória tricolor ajudou a embolar a parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro - Ricardo Moraes - 9.nov.23/Reuters

Ao virar epicamente contra o líder, o Palmeiras pareceu ter retornado à pista da vitória, mas levou uma traulitada que, embora possa ser revertida, embolou o pelotão de chegada.

O Bragantino faz com brilho o papel de azarão, de quem se esperava campanha apenas equilibrada, e ainda neste domingo (12) pode assumir a ponta.

Quem atropelou o Palmeiras, o Flamengo, sob novo ginete, sem usar chicote, mas refinado na sela, tem jogadores de raça para o arranque final, disposto a repetir a corrida de 2009, quando tirou 12 pontos de desvantagem nas últimas 12 rodadas e cruzou o disco final na frente.

Então, no futebol, não havia o VAR da CBF, que mais atrapalha em vez de ajudar, mas existia o photochart, para não deixar qualquer dúvida sobre o vencedor.

Tudo indica que assim será nesta temporada, campeão decidido na derradeira hora, assim como os dois ocupantes das valas do rebaixamento, embate duro entre Bahia, Vasco, Cruzeiro e Goiás, apesar de a vida ainda não estar em paz para Corinthians e Santos.

Lembremos: desses seis, só o Santos nunca caiu —e está sendo capaz de se recuperar mesmo depois do acachapante 7 a 1 imposto pelo Inter.

Bahia, Coritiba e Goiás caíram seis vezes e fogem da sétima. O Vasco caiu quatro vezes, e o Cruzeiro, uma, mas levou três anos na Série B. O Corinthians acabou rebaixado uma vez, em 2007, sob a presidência de Andrés Sanchez.

A briga para evitar a queda habitualmente reúne mesmo muita gente.

A novidade é a disputa de tantos pelo título, que inclui até o Atlético, cuja torcida fez do "Eu acredito" o mantra que o levou ao título da Libertadores, em 2013.

O jornalista Benjamin Wright, pai do ex-árbitro José Roberto Wright, disse que o futebol é uma caixinha de surpresas.

E olhe que ele não conheceu Pedro, também Caixinha, o técnico luso do azarão Bragantino, que concorda e acrescenta: "A cavalo dado não se olha os dentes".

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