Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu

Mais um 4 a 3 para a história

Chegou a vez do palmeirense festejar o placar que lhe despertava más lembranças

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O 4 a 3 nunca é placar qualquer, pelo simples motivo de que sete gols num jogo só sempre é marcante.

Mas há 4 a 3 e 4 a 3.

Atacante Endrick, do Palmeiras, comemora gol contra o Botafogo no estádio Nilton Santos - Cesar Greco - 1.nov.2023/Palmeiras

Dois deles, até a virada épica do Palmeiras sobre o Botafogo, são lembrados pelos alviverdes mais velhos ou mais novos sem alegria: o de 1971, com o Corinthians, e o de 2000, com o Vasco.

O primeiro pelo Campeonato Paulista, no Morumbi, com 66 mil torcedores.

Então favorito disparado, o Palmeiras saiu na frente com dois gols de César Maluco, aos 35 segundos e aos 9 minutos, e ensaiou a goleada do timaço de Leão, Luís Pereira, Dudu, Ademir da Guia, Héctor Silva e Leivinha, além de César.

Mais chances de gols se sucederam para o time dirigido por Rubens Minelli, até que, aos 5 do segundo tempo, Mirandinha diminuiu e Adãozinho, jovem que parecia ser novo Rivellino, aos 22, acertou tirambaço do meio da rua e empatou em 2 a 2.

Os corintianos nem puderam festejar a surpreendente igualdade.
Imediatamente, dada a saída, aos 25, Leivinha tratou de recolocar seu time à frente.

A resposta também foi imediata, após a nova saída, por Tião, que atravessou a metade do campo até igualar em 3 a 3, aos 26.

Aí, o jogo que não aparentava maior importância, a não ser pela tradição do Dérbi, assumiu ares de batalha que ninguém queria perder.

Leivinha e Rivellino se desentenderam, foram expulsos, e Mirandinha, aos 43, aos trancos e barrancos, fez o gol da vitória alvinegra.

O São Paulo acabou campeão com 36 pontos, o Palmeiras foi o vice com 33 e o Corinthians amargou o terceiro lugar com 28, mesma pontuação de Santos e Portuguesa.

Em 2000 o significado foi outro.

No Palestra Itália, pela decisão da Taça Mercosul, o Palmeiras recebeu o Vasco e, ao chegar ao intervalo, vencia por 3 a 0: Arce aos 36 minutos, de pênalti, Magrão aos 37 e Tuta, aos 45 fizeram os gols e foram para o vestiário aclamados como campeões por 30 mil torcedores.

Só que não. Na etapa final deu a louca no Vasco do baixinho Romário.

Ele descontou duas vezes em cobranças de pênalti, aos 14 e 23 minutos; Juninho Paulista, que havia sofrido os dois pênaltis, empatou 3 a 3 aos 40, e o mesmo Romário tratou de dar o título ao cruzmaltino, aos 48.

Difícil dizer o que era maior: se a festa carioca ou a perplexidade paulista, entre outros motivos porque o vascaíno Júnior Baiano havia sido expulso aos 32 minutos do segundo tempo.

Os 4 a 3 que machucavam os palmeirenses duraram mais 23 anos, mas teve recompensa no estádio Nilton Santos, com 35 mil torcedores.

Sim, os mesmos 3 a 0 no primeiro tempo em que o Palmeiras não viu a bola e poderia ter sofrido mais dois gols.

A dura de Abel Ferreira no vestiário: "Pior do que fizemos não faremos na segunda metade e vamos vencê-la" disse, ao manter o mesmo time e se bastar com 1 a 0, 2 a 0 no período complementar.

Parece que os jogadores não entenderam bem, acharam que o português queria ganhar o jogo, não apenas os últimos 45 minutos.

E o menino Endrick pediu que dessem a bola para ele. E deram. E como deram.

E ele fez 1 a 2, e ele fez 2 a 2, e ele cruzou para o 3 a 3 e, em sua homenagem, Murilo fez o 4 a 3 que faz do Palmeiras o novo favorito ao título, ao bicampeonato.

Será 4 a 3 maior e mais inesquecível que os outros dois.

Que Adãozinho que nada! Que Romário!

Endrick é o bola da vez!

4 a 3 assim não morre nunca.

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