Soou como vexame jamais visto neste país: a Argentina derrotou o Brasil em pleno Maracanã!
Imaginem a rara leitora e o raro leitor tamanha ofensa ao sentimento nacional: perdemos para os argentinos, a primeira derrota brasileira em Eliminatórias em nossa casa!
Por quanto?, por quanto?, pergunta o Pacheco que sobrevive em nós apesar de, no tradicional autoengano que costumamos praticar, dizermos não estar nem aí para a seleção.
Fernando Diniz deveria ser mandado para a Patagônia pelo governo Lula assim que Javier Milei assumir. Ele que se junte à maioria barulhenta que elegeu o tresloucado e fique por lá batendo bumbo.
Olé!, olé!, olé!, gritou boa parte do Maracanã. Vexame!
Decretos sobre o fim do futebol brasileiro foram publicados outras vezes, como agora.
Em 1987, na Copa América, em Córdoba, Argentina, Carlos; Josimar, Júlio César, Ricardo Rocha (Geraldão) e Nelsinho; Douglas Menezes, Raí, Edu Marangon e Valdo (Romário); Müller e Careca, sob o comando de Carlos Alberto Silva, levaram de 4 a 0 do Chile. Havia quatro Copas do Mundo que a camisa tricampeã saía derrotada.
Depois, em 1993, em La Paz, Taffarel; Cafu, Válber, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Luis Henrique (Jorginho), Raí (Palhinha) e Zinho; Bebeto e Muller, sob Carlos Alberto Parreira, perderam para a Bolívia por 2 a 0. Prova de que o tetracampeonato não viria. Só que não. Porque veio, apesar da primeira derrota em Eliminatórias.
Pior aconteceu em 2001, na Copa América, quando Marcos; Juan, Luisão (Juninho Pernambucano) e Cris; Belletti, Emerson, Eduardo Costa (Jardel), Alex (Juninho Paulista) e Júnior; Denílson e Guilherme, com Felipão no banco, caíram diante de Honduras. Sim, Honduras!, que ganhou por 2 a 0. E o penta aconteceu no ano seguinte…
Aqui, por respeito à paciência do raro leitorado, não se tocará no 7 a 1.
Voltemos à vitória argentina e respondamos ao nosso atávico Pacheco: foi 1 a 0, os hermanos são campeões mundiais, Lionel Messi estava em campo, embora não tenha jogado, e, a rigor, se era para ter um vencedor, deveria ter sido o Brasil, por, digamos, meio a zero.
Nem se trata de tapar o sol com a peneira, até porque o astro-rei está na bandeira deles, na nossa estão a ordem e o progresso, por maiores que sejam a desordem e o atraso.
Lembremos que o mesmo Fernando Diniz acaba de ser campeão da Libertadores e contra o Boca Juniors, porque, afinal, nem o Fluminense nem o Boca são essenciais para ambas as seleções.
Ou que a seleção jogou sem Casemiro, Vinicius Junior e, vá lá, Neymar —para os que julgam que ele faça falta.
Cadê aqueles que defendiam a espera por Carlo Ancelotti, que terá dois anos para preparar a seleção para a Copa de 2026?
Enfim, sem passar o pano depois da inédita terceira derrota seguida e do quarto jogo sem vitória nas Eliminatórias, e sem crucificar o futuro de Diniz, deixemos de catastrofismos.
Estar atrás da Venezuela não é pior que perder de Honduras, e, mesmo se a seleção não for à Copa, o que nem Vanderlei Luxemburgo conseguiria, o futebol brasileiro está vivo. Aliás, só o Brasil esteve em todas as Copas, e quem sabe se ficar fora fará bem?
O problema está longe de ser perder para a Argentina.
A questão é a desorientação na CBF, é o atraso da gestão nos clubes, que, apesar disso, dominam a América do Sul.
Contentemo-nos com o Brasileirão, que está supimpa.
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