Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Gênio é gênio

Curry joga basquete como poucos, porque faz cestas e dá assistências formidáveis

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Qual era o maior nome do Dream Team-2024 em Paris?

Claro, o extraordinário LeBron James, o monstro que completará 40 anos no penúltimo dia do ano, 113 kg de músculos concentrados em 2,06 m.

Para aparecer como ele ou mais que ele só se alguém fizesse chover, nevar e sol forte na mesma noite.
Stephen Curry fez.

Stephen Curry comemora cesta na partida contra a França
Stephen Curry comemora cesta na partida contra a França - Brian Snyder - 10.ago.2024/Reuters

Não uma, mas duas vezes.

Na semifinal, quando a Sérvia quase aprontou a grande surpresa das Olimpíadas, e Curry marcou 36 pontos, com nove cestas de três em 14 arremessadas, para garantir a vitória por apertadíssimo 95 a 91 —e na final, contra a França.

Os anfitriões quiseram ameaçar a hegemonia estadunidense, e Curry fez mais 24 pontos, com requintes de crueldade.

A cada ameaça de reação francesa, ele enfiava uma bola de três pontos.

Foram quatro seguidas, todas nos segundos finais da decisão, a última, contestada por dois rivais, simplesmente ao jogar a bola para cima e comemorar com sua marca registrada, as duas mãos juntas à cabeça deitada como se fosse travesseiro — o famoso "night, night", criado por ele para encerrar jogos da NBA com um "boa noite, durma bem".

Em Paris, é claro, virou "bonne nuit".

Curry joga basquete como poucos, porque não se limita a fazer cestas, dá também assistências formidáveis.

E quando resolve jogar simplesmente bola ao cesto faz como ninguém jamais fez, recordista mundial em arremessos de três pontos.

Generoso, o gigante LeBron assinaria embaixo. E por cima.

Até porque Curry tem só 1,88 m.

O joelho de Gómez

Difícil acompanhar mais um trepidante Flamengo x Palmeiras ao mesmo tempo em que a Marselhesa era executada com rara beleza no Stade de France na cerimônia de encerramento das Olimpíadas parisienses.

Quem já ouviu o hino entoado no mesmo estádio em final de Copa do Mundo sabe bem de seu efeito, que o digam Ronaldo Fenômeno e companhia na decisão de 1998.

Antes do jogo começar já era previsível o resultado.

Fosse a seleção francesa um time de defuntos, eles se ergueriam das tumbas para vencer por 3 a 0. Não só estavam todos vivos como eram comandados por Zinedine Zidane.

E o que o joelho de Gustavo Gómez tem com isso?

Francamente? Nada!

Apenas um recurso para dizer que joelhos, pontas de chuteiras, até calcanhares, têm sido motivos para o VAR estraçalhar a beleza e a emoção do futebol.

Porque ao flagrar centímetros para anular gols, a ferramenta contraria o espírito da lei do impedimento, o de evitar que o atacante leve vantagem sobre o defensor.

Ora, que vantagem levava o palmeirense ao cabecear para rebote do goleiro rubro-negro e gol de Flaco López?

Não se preocupem em responder, rara leitora, raro leitor.

Alguém até poderá dizer que criado para evitar injustiças, o VAR, neste caso no Maracanã, impediu que o Palmeiras saísse na frente depois de o Flamengo ter feito Weverton trabalhar feito louco e achar um gol.

Mas, aí, seria mais uma vez obrar contra a beleza do futebol, que traz em si a humana capacidade de aprontar surpresas.

Urge a necessidade de mudar a lei do impedimento não apenas para manter viva a emoção do gol como, e principalmente, recuperar o espírito da lei.

A tecnologia faz o mundo progredir e para que não signifique retrocessos é obrigatório acompanhá-la nas mudanças que acarreta, ajustando-a à nova realidade que produz.

Em tempo: o 1 a 1, com gols de Dom Arrascaeta e do menino Luighi, nome mais adequado para o Palmeiras não existe, acabou justo.

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