Com a redução da intensidade na disseminação da Covid-19 recentemente, a repercussão da pandemia começa a ser reavaliada.

Estudo publicado na revista Plos – Global Public Health por Callum Lowe e colaboradores da Universidade Nacional da Austrália analisa uma das consequências da explosão da virose em vários países: os órfãos da pandemia.

Em 10 de dezembro estavam registradas 5.285.888 mortes pelo coronavírus em todo o mundo. Com base em uma calculadora de orfandade por Covid-19, a equipe descobriu que o risco de uma criança ficar órfã era muito maior em países com PIB (Produto Interno Bruto) abaixo da média (1,56 órfão por morte por Covid-19) em comparação com países ricos (0,09 órfão por morte por Covid-19).

Essa diferença mostra mais crianças órfãs em Angola por morte de adultos pela pandemia do que na Austrália. Isto é, o aumento do número de órfãos está associado à maior prevalência de pobreza no país.
Um dos principais fatores que reforçam a possibilidade de as crianças perderem seus pais é a dificuldade no acesso às vacinas contra a Covid-19.

No Brasil, Ana Amélia Camarano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), alertava em 2020 na revista Ciência & Saúde Coletiva a tendência esperada de mortes e desemprego, mesmo após a pandemia, com grande impacto nas famílias. Em seu estudo, a autora mostra o impacto da morte precoce de idosos, principalmente dos que são responsáveis financeiros da família.