Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Leandro Colon

Prisão de amigos estraga roteiro da quarta temporada do governo Temer

Planalto havia planejado começar abril com reforma ministerial para alavancar reeleição

Se o governo de Michel Temer fosse uma série da Netflix, entraria hoje na quarta temporada, com último capítulo (ainda) distante, prováveis cenas de suspense e um certo grau de imprevisibilidade.

A primeira fase, entre maio de 2016 e maio de 17, foi "filé" para o presidente: base aliada coesa no Congresso, economia saindo do buraco e a esperada reforma da Previdência na bica para ser aprovada.

Veio a paulada da delação da JBS e, com isso, a segunda temporada, em que Temer saiu do cenário de quase renúncia para a derrubada de duas denúncias da PGR na Câmara.

A terceira etapa de governo priorizou, desde novembro, a reconstrução do núcleo de apoio parlamentar. A votação da mudança na aposentadoria fracassou e rapidamente o Planalto forjou uma nova agenda política, a da segurança pública, tirando da cartola o lance da intervenção no Rio. O capítulo final foi a verbalização do ousado desejo de Temer de tentar a reeleição na urna. 

O plano até então era iniciar a quarta temporada com um pontapé eleitoral em abril, focando na reforma ministerial para angariar apoio de partidos a uma possível candidatura de Temer ou do ministro e neoemedebista Henrique Meirelles.

Havia quem apostasse (e seriamente acreditasse), poucos dias atrás, na real possibilidade de a dobradinha Temer-Meirelles vingar como chapa na eleição de outubro.

A prisão dos amigos do presidente no feriadão de Páscoa estragou o roteiro. O emedebista começa o mês nas cordas, abalado pela decisão do ministro Luís Roberto Barroso (STF) que prendeu por três dias José Yunes, o coronel João Baptista Lima Filho e nomes do setor portuário.

Por mais que a decisão de Barroso mereça questionamentos, em razão da ausência de novos elementos que justifiquem tal medida extrema, fato é que a sombra do Porto de Santos persegue o presidente há duas décadas. E assim continuará de agora até o fim do mandato.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.