Barroso determina que família dona do Grupo Libra se apresente à PF

Três membros da família Torrealba estão fora do país e devem prestar depoimento quando voltarem

Brasília

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou neste domingo (1) que três pessoas da família Torrealba, dona do Grupo Libra, se apresentem à Polícia Federal para prestar depoimento, no âmbito da Operação Skala.

Das 13 pessoas que foram alvos de mandados de prisão na última quinta-feira (29), três não foram encontrados por estarem no exterior: Rodrigo Torrealba, Ana Carolina Torrealba e Gonçalo Torrealba.

Neste sábado (31), Barroso atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e mandou soltar os dez presos da Skala, entre os quais dois amigos do presidente Michel Temer, o advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho.

"Fica, contudo, explicitado que os três investigados que se encontram no exterior deverão se apresentar à Polícia Federal, no momento do desembarque, e serem levados prontamente para a prestação de depoimentos à autoridade policial federal e aos representantes do Ministério Público Federal", escreveu Barroso no despacho deste domingo.

"Após tais depoimentos, tal como feito em relação a todos os demais investigados, ouvirei a Procuradoria-Geral da República sobre a necessidade ou não de decretação de prisão temporária, e decidirei a questão."

GRUPO LIBRA

Os investigadores querem esclarecer os motivos de integrantes da família Torrealba terem feito doação eleitoral pessoal e por meio da empresa para campanhas políticas.

Querem ainda esclarecer de onde partiram os pedidos e apurar se houve solicitação indevida de valores em troca de renovação de contratos de concessão em Santos (SP).

Em 1995, o Grupo Libra assinou a primeira concessão privada para a operação de terminais de contêineres em Santos. Os indícios que deram suporte à ação da PF remontam a planilhas de 1998 que indicam a possibilidade de que Temer e aliados tenham recebido recursos.

Ao determinar as prisões, Barroso afirmou que, dos documentos colhidos na investigação, destaca-se planilha contábil em que aparecem as siglas MT, MA e L como recebedores de recursos das empresas Libra, Rodrimar e Multicargo.

Para ele, isso permite “supor sejam o excelentíssimo senhor presidente da República, Michel Temer, Marcelo Azeredo, presidente da Codesp [companhia Docas de São Paulo] entre 1995 e 1998, indicado por ele, e o amigo pessoal do senhor presidente João Baptista Lima Filho”.
 

Contêineres em pátio do porto de Santos
Contêineres em pátio do porto de Santos - Eduardo Knapp - 17.out.2016/Folhapress
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