Vencedor de dois prêmios Esso na Folha, atuou na cobertura de política e economia em São Paulo e Brasília.
Postalis busca novo administrador de investimentos
Nos últimos dois anos anos, a Postalis (fundo de pensão dos funcionários dos Correios) registra um déficit em suas contas de R$ 1,9 bilhão. O número para lá de negativo se deve, sobretudo, a uma série de aplicações catastróficas, que envolvem suspeitas de fraudes, desvios de recursos e ingerência política.
Investimentos feitos pela Postalis já estiveram no meio de escândalos como da Delta Construções e da Petrobras e na quebra dos bancos BVA e Cruzeiro do Sul.
A última foi um prejuízo que beira, até aqui, R$ 300 milhões com o fundo de investimento Brasil Sovereign II. Esse fundo deveria aplicar 80% de seus recursos em títulos da dívida brasileira, porém a maior parte estava em papéis da Argentina, da Venezuela e da estatal de petróleo desse segundo país, a PDVSA. Com o calote da Argentina, a carteira do Brasil Sovereign derreteu.
Esse fundo era gerido pela Atlântica, cujos donos sumiram depois de fechar as portas da empresa. Acima da Atlântica, está o Bank of New York Mellon, como administrador do Brasil Sovereign e de vários outros fundos de investimento da Postalis.
Além de outras responsabilidades, o administrador tem como função fiscalizar e garantir que o gestor siga as regras do fundo, como, por exemplo, respeitar os limites de aplicação: o percentual em ações, debêntures, títulos de dívida etc.
Por entender que o Mellon não cumpriu com seu papel, a Postalis resolveu cobrar do banco americano as perdas que sofreu no Brasil Sovereign. A fundação dos Correios também solicitou ao Banco Central que investigue supostas irregularidades cometidas pelo Mellon na administração de 11 fundos de investimento, nos quais aplicou R$ 2 bilhões.
A atual administração da fundação dos Correios —com nova Diretoria Financeira desde novembro do ano passado— contabiliza duas vitórias na Justiça. Conseguiu bloquear R$ 198 milhões das contas do Mellon no Brasil e obteve a expansão de uma garantia para a cobertura de perdas de mais R$ 105 milhões.
Diante desse quadro, não restou à Postalis outra opção senão trocar o Mellon, que nega as acusações. O banco americano alega, por exemplo, que a Atlântica foi escolha da Postalis.
Segundo a coluna apurou, a Postalis foi ao mercado no mês passado buscar uma nova instituição para substituir o Mellon. Os representantes dos fundos dos Correios conversaram com os maiores administradores de fundos do mercado.
Um dos grandes bancos do país antecipou à coluna que não tem interesse. Apesar do patrimônio bilionário da Postalis (em torno de R$ 8 bilhões), os dirigentes dessa instituição financeira avaliam que a taxa de retorno X a dor de cabeça potencial não compensa o risco.
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