Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho
Descrição de chapéu Eleições 2022

Além de ir às urnas votar, precisamos fazer escolhas informativas nas eleições, escreve Nina Santos

Plataformas digitais têm o poder de decidir como tratar os efeitos informativos que fortalecem e prejudicam a democracia

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O texto a seguir foi escrito por Nina Santos, que é diretora do Aláfia Lab, coordenadora acadêmica do instituto *Desinformante, pesquisadora do INCT.DD e faz parte da campanha #CiênciaNasEleições, que celebra o Mês da Ciência.

Eleições são escolhas que impactam consideravelmente o presente e o futuro. Em uma democracia plena, pleitos precisam ser momentos de liberdade e de igualdade —cada um de nós deve ter o mesmo peso e ser livre para fazer suas escolhas. Em uma sociedade digital, a garantia dessa liberdade e dessa igualdade passa cada vez mais pela preocupação com a (des)informação.

As mídias se multiplicaram e se diversificaram. Mas nem por isso temos um cenário de igualdade, em que todas as vozes são capazes de produzir o mesmo impacto. Longe disso. O poder de fala foi democratizado de alguma forma, mas não a capacidade de ser ouvido.

As novas urnas eletrônicas, que devem ser usadas a partir das eleições de 2022
As novas urnas eletrônicas, que devem ser usadas a partir das eleições de 2022 - Abdias Pinheiro/SECOM/TSE/Divulgação

A multiplicidade de mídias e fluxos informativos tem um efeito duplo. Por um lado, ela inclui no debate vozes antes silenciadas, que garantem certa igualdade entre diferentes pontos de vista, experiências e vivências. Fortalece a democracia. Por outro, essa multiplicidade também é permeável a conteúdos nocivos, produzidos para manipular a informação e usá-la como arma política. Enfraquece a democracia.

Como garantir diversidade e qualidade da informação? A resposta é complexa, mas certamente há um elemento-chave: os novos mediadores do ambiente digital. A ideia de "desintermediação" é uma falácia que quer nos fazer acreditar que não há mais mediadores influenciando a circulação informativa.

Mas eles existem: são variados, pouco visíveis e muito poderosos. E aqui eu me refiro especialmente às "plataformas", as grandes empresas que hoje decidem as regras dos conteúdos que cada um de nós recebe —e que não recebe. Elas têm a capacidade e o poder de decidir como tratar os efeitos informativos que fortalecem a democracia e os que a prejudicam. A opacidade desse processo, no entanto, impede que o interesse público esteja em primeiro lugar.

O impacto social desse fenômeno é enorme e não pode ser visto apenas do ângulo tecnológico. Não é coincidência termos acompanhado a ascensão de governos de extrema-direita juntamente com um crescimento avassalador do uso da desinformação como arma política e econômica. Esses atores políticos, com a estratégia de provocar o descrédito da ciência, da universidade, do jornalismo, preparam o terreno para semear a desinformação. Se tudo o que antes parecia nortear nossas crenças agora é atacado, em que se basear para estabelecer limites do que pode ser factível?

Eleições são momentos de escolhas, sim, mas elas não se resumem à urna. Escolhas informativas são cruciais e não podemos abrir mão de fazê-las. Apenas assim teremos alguma garantia de liberdade e igualdade na decisão de quem nos governa.

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