Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

Claire Danes e Jesse Eisenberg brilham em 'A Nova Vida de Toby'

Personagens cheios de nuances fazem diferença em série sobre a solidão de sentir-se adulto

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Cozida em fogo lento, "A Nova Vida de Toby" poderia passar batido como mais uma série de gente rica sendo infeliz, do tipo dramático e não cômico, caso a escrita de Taffy Brodesser-Akner não fosse tão dedicada a seus personagens.

A apresentação bem calculada feita pela autora, que desvela um defeito após outro, uma qualidade após outra, um problema superficial sobreposto a outro nem tanto, hesitação e tantas certezas, resulta em uma história muito intimista e delicada sobre a solidão que encontramos, tantas vezes, ao nos percebermos adultos.

O personagem-título, Toby é um hepatologista de 41 anos interpretado por Jesse Eisenberg ("A Rede Social") que acaba de se separar de Rachel (Claire Danes, "Homeland") e precisa ajustar sua vida de acordo com novas e velhas expectativas.

Para isso, acorre a Libby (Lizzy Caplan, de "Masters of Sex") e Seth (Adam Brody, "The OC"), amigos inseparáveis de juventude escanteados por mais de uma década até serem chamados a acudi-lo.

É uma premissa banal, que à primeira vista coloca o personagem às voltas com o imediatismo e a abundância dos apps de namoro, até então desconhecidos para ele, para questionar seus propósitos. E seria facilmente uma comédia, não tão engraçada, se os sentimentos em tela não nos soassem tão genuínos.

Em parte, o objeto de Brodesser-Akner em "Toby" são os percalços de relacionamentos em geral (não só os românticos; todos os que envolvam companheirismo). É ao tratar das dificuldades cada vez mais presentes que as pessoas têm de se reconhecer plenamente como adultos responsáveis em meio a redemoinhos de demandas, porém, que ela sobressai.

Repórter que ganhou notoriedade com perfis bem dosados de grandes personalidades, o que pode explicar sua atenção à composição de cada personagem, ela assume a cadeira de roteirista-chefe para adaptar às telas o próprio livro ("Fleishman is in Trouble", inédito no Brasil).

Daí o uso habilidoso de ferramentas jornalísticas, como amarrar múltiplos pontos de vista ao contar um mesmo acontecimento.

Assim, temos uma narradora nem sempre onisciente, Libby, cheia de simpatia pelo personagem-título ao mesmo tempo que se mostra disposta a montar o quadro completo, e que deixa permear a história dos dois pela sua própria e pelas dos demais personagens que orbitam o casal.

E que casal.

Toby, que até então havia passado a vida sem maiores dificuldades, é um narcisista que se conforta no suposto virtuosismo moral embutido em se apresentar como alguém despojado de ambições.

Seu contraponto, Rachel, é uma relações-públicas arrivista para quem nada nunca veio de graça e com enormes dificuldades de impor limites. Há nela muito de Nora, a personagem central de Ibsen na magistral peça "A Casa de Bonecas", sobre uma dona de casa enredada pelas expectativas com seu papel.

Leva um tempo, mas se o espectador não se fascinar por nenhum desses motivos, ainda vale pelas atuações de Claire Danes e Jesse Eisenberg. São arrebatadoras.

Os oito episódios de "A Nova Vida de Toby" estão disponíveis no Star+

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