É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.
Chamem os 'teachers'
Aqui nos EUA, onde me encontro e onde o futebol ("soccer") evolui, muitos acham estranho o técnico da seleção ser alemão, com assistentes mexicano e austríaco e um preparador físico japonês. Dirigindo um time com a base jogando na Europa e no México.
Para fazer jus ao esporte que cresce e aparece no país, já há corrente que defenda uma "americanizada" na seleção americana, entende?
No Brasil, onde o futebol "involui", já não causa estranheza cogitar a possibilidade de a seleção ou um clube importante importar um treinador gringo, dada a fase claudicante dos técnicos brasileiros top de salários astronômicos.
É curioso notar, no Brasil e nos EUA, com históricos futebolísticos distintos, a mentalidade em relação a comandantes de time.
O papo "Guardiola na seleção" movimentou um bastidor logo após a demissão de Mano. A não compra dessa briga resultou em apelar a um técnico local "de passado", mesmo que o presente indicasse uma queda de divisão com o time que dirigia. Aqui, futebol não foi "momento", como dizia a batida lógica.
O Santos mantém sérios planos em trazer o argentino Marcelo Bielsa, o "Loco". O Peixe estaria sendo "loco"? Não acho. Cruzeiro e Flamengo cogitaram o argentino Jorge Sampaoli em 2012, quando este treinava a La U chilena. O time mineiro, em forte crise técnica, queria radicalizar e mudar seu rumo. É o que precisa acontecer na seara brasileira dos técnicos, no geral.
Acho que é tudo um problema de mentalidade e de um salto alto, ainda que carcomido, que temos.
Seria bom arejar ideias, mexer na zona de conforto dos "professores", a maioria deles corporativista, mesmo que a classe não seja assim uma... "classe".
Recentemente, o ex-craque e ex-técnico Mario Sergio foi aos berros na TV contra um jornalista que dizia uma verdade, a de que os técnicos brasileiros estavam em patamar inferior aos estrangeiros.
Mas causou mais espanto uma declaração de Felipão depois do 2 a 2 com a Inglaterra no Rio, na semana passada, sobre a boa entrada do "volante-atacante" Hernanes, no segundo tempo, deixando DOIS "volantes-atacantes" na equipe.
O treinador disse ter consultado sua intelligentsia (Parreira e Murtosa) para decidir "arriscar" e botar Hernanes, como se isso fosse uma aberração circunstancial.
Como assim "arriscar" ser ofensivo em amistoso em casa contra um time turístico da Inglaterra que chegou a virar a partida e quase saiu vitorioso do Maracanã?
Um blog (http://ambicanhoto.wordpress.com) fez um exercício fictício sobre como seria se o ex-técnico Alex Ferguson, recém-aposentado, aproveitasse a ociosidade promovendo uma terapia em grupo com treinadores top aqui.
Seria de chorar de rir se não tivesse tanto a ver.
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