É jornalista e consultor na área de comunicação corporativa.
Expectativas frustradas
O que é pior, acreditar piamente que alguma coisa, algum projeto, que alguma aposta em que você está metido vai dar certo sem dúvida ou estar sempre com um pé atrás, diminuindo ânimos, refreando disposições, exagerando obstáculos?
Seja qual for a atividade humana, ou qual for o humano jeito de ser, talvez a expectativa frustrada seja a sensação das mais arrasadoras que existem –a expectativa do amor, do dinheiro, da saúde, da vida longa e próspera...
Para o precavido/pessimista, se deu certo, ótimo; se não, basta dizer: não falei!
Mas o mundo moderno e suas infinitas e complexas possibilidades nos compele a apostar, meter as caras, compor, investir e... criar expectativas.
Por isso nos decepcionamos.
Com o país que segue aos trancos.
Com o emprego que não evolui no ritmo que desejamos.
Com o amigo que nem é tão amigo assim.
Com o amor que mais recebe do que dá.
Com a desagradável sensação que ao fim e ao cabo o tempo passará e ficaremos com aquelas, várias, todas as expectativas frustradas.
É exasperante.
Mas poderia ser pior.
A vida poderia continuar sendo vazia sem que ao menos acreditássemos que pudesse dar certo –seja lá o que for.
Viver a síndrome do personagens do desenhos animados Hardy Har Har –"Oh vida, oh céus, oh azar!"– talvez seja –e é!– a solução para muitos que preferem a zona de conforto do não se decepcionar pelo simples motivo de que não criam expectativas.
Vida besta, não?
Talvez seja mesmo melhor quebrar a cara de vez em quando para ao menos mostrar que, sim, estamos vivos, e dane-se que isto ou aquilo não deu certo agora, a próxima eu emplaco...
Ou não.
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