Carioca, jornalista, foi repórter e coordenador de produção da Sucursal do Rio. É autor de livros sobre música popular brasileira. Escreve às segundas e às sextas.
Melhor escutar Valzinho
RIO DE JANEIRO - Diante do ministério que Dilma Rousseff está montando, é melhor mesmo escrever sobre música, como Nizan Guanaes fez em sua coluna, na terça-feira.
Hoje, 26 de dezembro, é o centenário do violonista e compositor Norival Carlos Teixeira, o Valzinho. Quem quer ter uma rápida ideia do que ele era capaz pode procurar no YouTube a gravação de Paulinho da Viola para "Óculos Escuros". Melodia de Valzinho, letra de Orestes Barbosa. É de chorar. E Paulinho ainda gravou outra maravilha de Valzinho, "Doce Veneno", parceria com Lentini e Goulart.
Ao contrário de seu irmão, Newton Teixeira, autor de sucessos como "Deusa da Minha Rua" e "Malmequer", Valzinho não viveu de música. Foi escultor e desenhista, trabalhou e se aposentou na Casa da Moeda.
Se Newton era um craque em valsas, marchas e sambas, seu irmão explorava as dobras dos gêneros, criando melodias não convencionais e harmonias peculiares. Caso a expressão não tivesse virado um clichê terrível, ele poderia ser mais um orgulhoso "precursor da bossa nova".
Praticamente tudo o que compôs nasceu nas décadas de 1930 e 1940. E "tudo" se resume a 35 títulos. Pelo menos, é o que seu sobrinho Edgard Costa conseguiu reunir no blog os-teixeiras.com e na página Os Teixeiras, do Facebook.
Sem esperar patrocínio e com o apoio de jovens músicos, Edgard produziu novas gravações de parte dessas canções. Não quer que o tio deixe de ser lembrado. Sabe da importância dessa obra, como sabia Hermínio Bello de Carvalho ao realizar, em 1979, um disco da grande Zezé Gonzaga cantando apenas Valzinho. Em 25 de janeiro de 1980, pouco depois de o trabalho ser concluído, o homenageado morreu.
Quer saber quem é George Hilton, novo ministro do Esporte? Melhor conhecer primeiro Valzinho. Sua saúde agradecerá.
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