Carioca, jornalista, foi repórter e coordenador de produção da Sucursal do Rio. É autor de livros sobre música popular brasileira. Escreve às segundas e às sextas.
O índice Turuna
RIO DE JANEIRO - O Carnaval carioca não seria o mesmo sem a Casa Turuna. É uma loja que vende fantasias há cem anos –o centenário se completa em abril. Fica a um quilômetro do edifício-sede da Petrobras e está sentindo os efeitos do mau momento da economia.
No ano passado, para cortar custos, reduziu seu terreno de 450 para 190 m², desfazendo-se do resto. A ampla entrada pela avenida Passos está fechada. Os acessos são laterais, pelas ruas da Alfândega e Senhor dos Passos. Já teve 66 funcionários. Após o Carnaval, terá 15.
"Reajustei os preços das fantasias abaixo da inflação, senão ia vender menos. E 90% das compras são com cartão de crédito, parceladas em três vezes sem juros", conta o proprietário, Marcelo Servos.
Ele é bisneto dos fundadores, dois imigrantes portugueses que se tornaram uma só família após o filho de um se casar com a filha do outro. Abriram a Casa Turuna no então epicentro do Carnaval carioca, a Praça Onze. Na década de 1940, a praça foi destruída para a passagem da avenida Presidente Vargas. Desde então, a loja está na principal região de comércio popular do Rio, conhecida como Saara.
A loja ganhou o nome que tem por causa de um famoso bloco da época, Os Turunas. E um dos sócios era chamado de "Turuna", o que significava ser um valentão.
A força do Carnaval de rua do Rio, com seus 456 blocos, mantém a Turuna viva. As fantasias mais procuradas não são as de momento, mas as tradicionais: melindrosa, marinheiro, bailarina, índio, baiana, árabe... Existem cerca de cem tipos.
"Máscara de político é bom só para a imprensa. Vende pouco", diz Servos, 46 anos, desde os 15 trabalhando na Turuna.
Sem filhos, ele planeja vender a marca daqui a uns dez anos, torcendo para que não acabe a Turuna e uma parte da história da cidade.
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