"Se você está em um país desconhecido e todos os jornais falam a mesma coisa, você está numa ditadura". Assim Millôr Fernandes mostra do que é feita a democracia: de liberdade de imprensa e diversidade de opiniões. Mas o Brasil nunca foi lá muito afeito a essa ideia e, nos últimos anos, o método conhecido como "Matem o mensageiro!" virou regra.
Guerrilhas virtuais contra a imprensa e ataques a jornalistas não são invenção de Jair Bolsonaro (PL) e seu gabinete do ódio. A prática foi criada pelo PT. Se bolsonaristas têm algum "mérito", foi o de aperfeiçoá-lo.
Sabe em qual governo também houve um manifesto assinado por cerca de mil juristas, jornalistas e intelectuais em defesa da liberdade de imprensa? No segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 2011, o partido criou os núcleos de Militância em Ambientes Virtuais (MAVs) para criticar a mídia em sites de notícias e redes sociais.
O espaço desta coluna é pequeno para listar os profissionais atacados durante os três governos do PT, mas foram muitos os repórteres agredidos —até fisicamente.
Em 2014, o vice-presidente do partido publicou um artigo no site do PT com uma lista negra de jornalistas. O texto, juntamente com ataques a 18 profissionais de mídia só na primeira semana da Copa do Mundo, levou à manifestação da ONG Repórteres Sem Fronteiras, que apontou riscos à liberdade de imprensa.
No caso mais recente, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, instigou a militância com fake news contra a jornalista Andreza Matais, de O Estado de S.Paulo. Seguiu-se uma enxurrada de agressões não só a Matais, mas a outros profissionais do jornal.
É patético que um partido político e uma militância que se arvoram a salvadores da democracia assediem jornalistas. Ora, se bolsonaristas fazem o mesmo com os mesmos veículos, não faz o menor sentido falar que a imprensa tem lado.
Na verdade, o fato de a imprensa sofrer ataques da direita e da esquerda só mostra que ela está do lado certo e que estamos numa democracia.
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