Manuela Cantuária

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Manuela Cantuária
Descrição de chapéu
machismo

Homem cis branco hétero e vítima do machismo quer ser perdoado

Desta vez resolvi ceder a coluna ao meu amigo Desconstruído que Assistiu ao Clipe do Tiago Iorc

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Prezadas leitoras, peço licença para ceder o espaço da coluna, excepcionalmente nesta semana, para o relato de um amigo que tem uma mensagem muito importante para dividir conosco. Com a palavra, o Homem Desconstruído que Assistiu ao Clipe "Masculinidade" do Tiago Iorc e se Deu Conta de que Também É uma Vítima do Machismo e por Isso Devemos Perdoá-lo.

*

"Antes de mais nada, lamento por mais uma vez, no meu lugar de macho cis branco e heterossexual, silenciar uma mulher, no caso, a colunista que gentilmente cedeu este espaço para que eu pudesse me manifestar. Sou um grande entusiasta da representatividade feminina nos meios de comunicação, mas acredito que o assunto é de interesse de todes.

Gostaria de pedir desculpas por ser homem. Não foi exatamente uma escolha consciente, mas percebi tarde demais que estava usufruindo dos privilégios de um sistema opressor de gêneros no qual me situo no topo da cadeia, causando imenso sofrimento às mulheres e, principalmente, a mim mesmo.

Com tantas estatísticas aterradoras de feminicídio e violência contra a mulher, nós, homens, acabamos invisibilizados. Afirmar que, a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil é uma grande injustiça. A cada 11 minutos, um homem estupra uma mulher no Brasil. Precisamos recuperar o protagonismo que nos foi tomado. Em tantos séculos de violência contra a mulher, sempre ficamos em segundo plano, apesar de sermos nós os sujeitos de ações tão lamentáveis.

ilustração representando um homem branco dançando sem camisa e com calças vermelhas
Ilustração publicada em 22 de novembro de 2021 - Silvis

‘Ela pediu’, ‘ela foi abusada sexualmente’, ‘ela mereceu’. Tudo ela, ela, ela. Ao homem que cometeu o estupro, o anonimato, o silêncio, a impunidade, a vida que segue. Sem qualquer oportunidade de refletir sobre os seus atos, falar abertamente sobre o assunto, assumir a responsabilidade, responder por seus erros, e assim mudar, evoluir, se tornar uma melhor versão de si mesmo.

Precisamos bater no peito e… Quer dizer, bater no peito feito um gorila me parece uma tentativa de afirmação típica de uma masculinidade frágil e tóxica, embora os gorilas não saibam o que isso significa. Enfim, precisamos erguer a cabeça e admitir que, sim, somos todos estupradores em potencial. É sobre isso, e está tudo bem! Nós já entendemos e pedimos desculpa. Foi mal aí."

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