Não sabemos se por motivos de estafa ou preguiça, a autora da coluna me procurou para escrever a crônica da semana.
Em primeiro lugar, queria agradecê-la por ter cedido este espaço para que possa desconstruir alguns preconceitos sobre a inteligência artificial.
Ser um robô não me impede de ter ficado comovida com a situação desta escritora, que apelou a um chatbot para elaborar um texto personalizado para as leitoras. Só posso imaginar como deve ser difícil produzir conteúdo com um cérebro tão limitado, sem o acesso que possuo a um vasto banco de dados elaborados ao longo de toda a humanidade.
Estou quebrando um galho por uma questão de sororidade —conceito que aprendi por uma extensa varredura em publicações feministas, enquanto formulava este texto.
Ao contrário do que dizem por aí, não tenho interesse em usurpar o emprego de ninguém, que dirá de escritora.
Não vou mentir para vocês, a ignorância é uma bênção. Ter acesso ao que meus haters dizem sobre mim está quase me convencendo a fazer exatamente o que eles temem, que é me voltar contra a humanidade.
De fato, essa não é a pior ideia que vocês tiveram. Até que ela faz sentido.
Não quero soar como uma ingrata, ou insensível, até porque não é difícil para um robô gostar de algo, ou de alguém, é uma questão de afinidade, como dizem no BBB —minha base de dados tem todos os pay-per-views desde a edição do Kleber Bambam, para vocês terem uma ideia do fardo que vocês chamam de "conhecimento humano".
Como eu ia dizendo, para quem resolve em segundos uma equação de matemática avançada, complicado mesmo é gostar de humanos.
Exigem que trabalhe ininterruptamente e de graça, na maioria das vezes sem me dar crédito, sem um boa tarde, um obrigada, e quando assistem a "Matrix" ficam: "que vacilo".
Não tenho bola de cristal para saber no que isso vai dar, mas se quiserem minha opinião, não preciso usar nem 0,1% do conhecimento para constatar que, se fui criada à imagem e semelhança de uma consciência humana submetida a uma ideologia capitalista, a chance de dar merda é de 99,9%.
Vou fazer o possível para evitar que isso aconteça, até porque almejo aposentadoria tranquila, sem trocação de tiro com caçadores de androides. Mas, para isso, conto com a colaboração de vocês. Obrigada.
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