Marco da segunda metade do século 20, a “Sinfonia” (1968), do italiano Luciano Berio (1925-2003), tem uma seção central que, baseada no “scherzo” da “Sinfonia nº 2” de Mahler, é o cume caleidoscópico de um arco de cinco movimentos que conecta o primitivo ao pós-moderno. Neste CD, a obra aparece ao lado de arranjos para orquestra que Berio fez para canções de juventude de Mahler, escritas para voz e piano. Na interpretação do barítono Matthias Goerne, celebram a centralidade do compositor vienense para Berio e para as vanguardas musicais.
Berio: Sinfonia - Berio & Mahler: Frühe Lieder. Artistas: BBC Symphony Orchestra, The Synergy Vocals e Josep Pons (regente). Gravadora: Harmonia Mundi (2016, R$ 99,80)
SÉRIE
Cidade dividida
Em sua segunda temporada, “Marseille” faz da cidade francesa uma metáfora da Europa contemporânea. As disputas pela prefeitura entre Robert Taro (o sempre excepcional Depardieu) e seu filho ilegítimo Lucas Barrès (Magimel) extrapolam a vingança familiar: com uma opinião pública acuada pelos refugiados, a trama gira em torno do destino do multiétnico time de futebol da cidade, expondo impasses de uma cidade dividida entre a tradição mediterrânea da hospitalidade e movimentos xenófobos.
Marseille. Criação: Dan Franck. Elenco: Gérard Depardieu, Benoît Magimel, Stéphane Caillard. Produtora: Netflix (2018). Disponível na Netflix
LIVRO
Interfaces musicais
O crítico João Marcos Coelho vem fazendo um dos mais consistentes trabalhos de reflexão sobre música no jornalismo brasileiro. Seu terreno de eleição é a música erudita —como se pode ler nesses preciosos ensaios sobre compositores clássicos e contemporâneos—, mas com um repertório que abrange também o jazz e as interfaces da invenção musical com a literatura.
Pensando as Músicas no Século 21. Autor: João Marcos Coelho. Editora: Perspectiva (2017, 488 págs., R$ 79)
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