Começou na Folha como repórter da Sucursal no Rio, onde chegou a diretor. Na redação em São Paulo, foi editor de "Cotidiano" e do caderno de política. Foi ainda secretário de Redação da Folha e ombudsman por três anos.
O escândalo do "mensalão"...
A semana da Folha teve dois campeões de audiência, ambos publicados na segunda-feira: a entrevista exclusiva em que o deputado Roberto Jefferson mergulhou de vez o governo Lula numa crise sem precedentes e o relato, na coluna Mônica Bergamo, da inauguração, no sábado, da nova loja Daslu em São Paulo. Começo pelo escândalo político.
O principal fato da semana foi a entrevista concedida pelo deputado à editora do "Painel", Renata Lo Prete. A manchete do jornal resume o teor bombástico das declarações de Jefferson: "PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson -Presidente do PTB, envolvido no escândalo dos Correios, afirma que avisou Lula e ministros de esquema de compra de apoio".
A denúncia, que atingiu diretamente o presidente, aprofundou a crise do governo, obrigou o Planalto a ficar de vez na defensiva, esgarçou o relacionamento do PT com os outros partidos aliados e tornou irreversíveis as investigações de corrupção no governo e no Legislativo.
Recebi muitas mensagens protestando contra a publicação da entrevista por entender que o deputado tem um passado polêmico e não apresentou provas das denúncias que fez. Discordo. A importância do cargo de Roberto Jefferson e seu envolvimento direto com o governo petista legitimam a entrevista.
O PTB era um dos principais partidos da base de apoio ao governo Lula. Cabe agora ao governo e ao Congresso investigar. O jornal cumpriu o seu papel.
A minha avaliação é que a Folha se comportou bem nesta primeira semana. Houve a nítida preocupação, principalmente nas manchetes e chamadas da primeira página, de evitar títulos sensacionalistas.
O jornal tem agora outros desafios, além de perseguir de forma obsessiva o equilíbrio. O principal deles é realizar um trabalho jornalístico próprio, ou seja, que não dependa do jogo de interesses e pressões que marcarão os trabalhos da CPI.
O papel da imprensa é fundamental no combate à corrupção. Mas, para isso, é necessário que os jornais trabalhem com seus melhores quadros e não se cansem de investigar e de checar e rechecar as informações. Como escrevi em outra coluna, é em momentos como este, de intensa competição por informações exclusivas, que a imprensa pode cometer grandes erros.
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