Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

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Marcelo Viana
Descrição de chapéu PIB

Matemática e economia, valendo R$ 1,3 trilhão por ano

Empregos intensivos em matemática pagam o dobro da média nacional, têm resiliência a crises e elevado grau de formalidade

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Escrevo na ponte aérea para São Paulo, onde estou indo participar no seminário "Contribuição da matemática para a economia brasileira", realizado nesta terça-feira (19) pela Fundação Itaú e pela Folha.

Pouco mais de uma década atrás, a agência britânica EPSRC de pesquisa em ciência e engenharia divulgou um estudo sobre o impacto da matemática na economia do país. Realizado pela Deloitte, trouxe conclusões surpreendentes: a atividade econômica ligada à matemática é responsável por 10% dos empregos e por 16% do PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido. Mais ainda, os empregos com uso intensivo da matemática pagam duas vezes a média salarial nacional.

Pesquisador em frente a uma lousa no Impa
Pesquisador em frente a uma lousa no Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) - Rafael Andrade - 13.dez.2011/Folhapress

Outros países —Holanda, França, Austrália, Espanha— seguiram o exemplo britânico, sempre com conclusões semelhantes. No caso francês, um segundo estudo revelou uma tendência crescente: entre 2012 e 2022 a contribuição da matemática inclusive aumentou de 16% para 18% do PIB francês (2,5 trilhões de reais/ano).

Para o Brasil, que integra o grupo de elite da pesquisa na área (Grupo 5 da União Matemática Internacional), a lição é óbvia: a matemática é um poderoso motor de desenvolvimento e geração de riqueza. Urge transferir a nossa expertise da academia para a atividade econômica.

Mas faltava uma análise da realidade brasileira no setor que pudesse começar a delinear estratégias para melhor aproveitar a oportunidade que a matemática representa para o desenvolvimento do país. Até que, ao final de 2022, o Itaú Social chamou a si a tarefa de realizar um estudo similar para o caso brasileiro, cujas conclusões foram anunciadas neste seminário.

Rico de informações importantes, o documento aponta similaridades: no Brasil, os empregos intensivos em matemática também pagam o dobro da média nacional, e apresentam grande resiliência a crises (comprovada durante a pandemia), além de elevado grau de formalidade. Também há diferenças, claro: segundo o estudo, aqui a matemática corresponde a 7,4% dos empregos e gera 4,6% do PIB (440 bilhões/ano).

A diferença não surpreende, ela apenas aponta o caminho a percorrer para alcançarmos as economias mais avançadas. E pense bem: passar de 4,6% a 18% significará somarmos 1,3 trilhão de reais ao PIB, todo ano. Que outra oportunidade temos de gerar tal riqueza, de forma sustentável? A discussão sobre como fazer isso —que vai da escola ao mercado e à política industrial— começa neste seminário.

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