Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve às quintas.
Cassinos históricos reabrem no Rio como teatros
RIO DE JANEIRO - Com o lobby pela legalização do jogo ganhando corpo, é possível que o Rio veja num futuro próximo alguns de seus históricos cassinos retomando suas funções originais. Por ora, é um alento ver que dois deles, tombados pelo patrimônio histórico, voltaram à vida abrigando teatros.
O mais antigo é o palacete do Cassino Nacional Brasileiro, com sua fachada de arquitetura neo-mourisca, inaugurado em 1890, na rua do Passeio, centro do Rio. O lugar, que posteriormente sediou o Cine Palácio, foi fechado em 2008, após exibir filmes ininterruptamente por 107 anos.
Comprado pelo Opportunity em 2011, foi reformado e reaberto há três semanas, como Teatro Riachuelo. É um espaço imponente, com mil assentos espalhados em três níveis, plateia e dois balcões.
Malgrado a modernização interna de gosto duvidoso e o musical pouco inspirador escolhido para a reinauguração ("Garota de Ipanema"), o espaço parece promissor, inclusive por sua localização dentro do circuito cultural carioca, na área da Cinelândia.
O segundo cassino reocupado é ainda mais famoso: o da Urca, no bairro homônimo. A construção art nouveau foi palco, a partir de 1933, para estrelas como Carmen Miranda e Josephine Baker. Abandonado por décadas depois que a extinta TV Tupi, sua ocupante posterior, deixou o local em 1980, as ruínas estão reabertas ao público com uma montagem de "Fim de Jogo", de Beckett.
É uma experiência impressionante circular pela decadente e labiríntica imensidão do cassino. Permite antever o imenso potencial do local pós-reforma, a cargo do Istituto Europeo di Design (IED).
Não há dúvida de que os espaços seriam mais rentáveis caso servissem à jogatina, como outrora. Espera-se que, independentemente do que aconteça nessa seara, continuem valorizando as artes.
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