Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve às quintas.
Pezão precisa de saída para o Rio ou sairá do governo
André Horta - 4.nov.2016/Fotoarena/Folhapress | ||
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, em entrevista no Palácio Guanabara |
RIO DE JANEIRO - Com o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) emparedado pela ruína econômica que ele e seu mentor, o presidiário Sérgio Cabral, construíram, cabe perguntar se conseguirá cumprir mais dois anos de mandato. As probabilidades estão francamente contra.
As soluções do governador para tentar sair da crise, além de meramente paliativas, vêm sendo derrotadas. Seu pacote de medidas de austeridade foi mutilado na Assembleia Legislativa do Rio, sob pressão dos servidores. Suas negociações com Brasília resultam infrutíferas.
Mas o Rio é "too big to fail", ou seja, grande demais para que se possa permitir que afunde de modo irreversível, sob risco de arrastar o resto do país —é difícil vislumbrar o Brasil retomando o crescimento e o otimismo enquanto sua cidade-símbolo internacional desmorona. Alguma intervenção federal vai ser necessária, como o foi para que houvesse Olimpíada.
Será difícil, no entanto, justificar esse apoio mantendo o atual mandatário fluminense. Saindo ele, quem assume? O pós-Pezão não pode ser Francisco Dornelles, evidentemente. Além das suspeitas que recaem sobre o "Velhinho", como era conhecido nas planilhas da Odebrecht, o vice-governador já mostrou sua incapacidade de governar nos sete meses em que esteve à frente do Estado, durante a licença médica do titular.
A opção passa a ser, então, uma eleição indireta na Alerj, na qual teria franco favoritismo o presidente da casa, o peemedebista Jorge Picciani —um dos piores aliados que qualquer político em posição superior à dele pode ter.
A desgraça de Pezão já foi espelho da de sua amiga Dilma Rousseff. Hoje, se assemelha à de seu correligionário Michel Temer: sua substituição já é discutida e tramada, passando de improvável a possível. A única salvação seria uma súbita melhora da economia. Quem aposta?
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