Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

54% dos IPOs recentes deram dinheiro para quem entrou

É essencial compreender a história de cada companhia e de seus gestores antes de topar ser sócio

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A temporada de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) segue aberta. Desde o início do ano passado (sim, após o pesadelo na Bolsa que foi o início da pandemia) tivemos 55 novas ações chegando ao nosso mercado. Quem entrou nas ofertas iniciais tem, de certa forma, 54% de chance de ter se dado bem.

Olhando apenas a variação do preço das ações, sem qualquer outro critério, 30 subiram desde a estreia, em relação à precificação que receberam no IPO. Vinte e quatro caíram, e uma está exatamente com o mesmo valor, o da CSN Mineração (CMIN3). Fazendo a média das variações de preço, o conjunto de IPOs registraria uma alta de 31,5%.

Quatro ações mais do que dobraram de preço. Há casos de impressionantes decolagens, como da Méliuz, plataforma de “cashback” e vendas online, cujos papéis (CASH3) chegaram na Bolsa custando R$ 10 e hoje são negociados por R$ 65,60. Quem investiu R$ 100 mil no IPO tem agora mais de meio milhão nas mãos.

Mas não se pode dizer que as chances de ver seu papel afundar depois da estreia são pequenas. Muito pelo contrário. Vinte e quatro dos 55 papéis custam hoje menos do que em sua chegada ao mercado. São desvalorizações de até 60%. A construtora Moura Dubeux, por exemplo, que levantou R$ 1,25 bilhão ao lançar suas ações (MDNE3), precificadas em R$ 19 em fevereiro de 2020, hoje vê os papéis custarem menos da metade do preço (R$ 8,45).

A Mosaico, dona dos sites de comparação de preço como Zoom, Buscapé e Bondfaro, que estreou na Bolsa em fevereiro deste ano, também viu seus papéis (MOSI3) derreterem. Chegaram ao mercado custando R$ 19,80 e movimentaram R$ 1,2 bilhão. Hoje, são vendidos a R$ 13.

A temporada de estreias na Bolsa segue animada com a Raízen, maior empresa de etanol do mundo, levantando R$ 6,9 bilhões nesta semana. E tem atraído novos interessados, como a dona das redes de restaurantes Madero e Jeronimo, que protocolou um pedido para fazer o seu IPO.

Péssimo para previsões, o dono da rede, Luiz Durski Junior, disse, em março de 2020, que o Brasil não podia parar por conta de “5.000 ou 7.000 pessoas que vão morrer” na pandemia de coronavírus. Foram mais de 560 mil mortos até agora.

Seus restaurantes amargaram prejuízo e, agora, a rede prevê um IPO no qual metade do valor levantado servirá para pagar dívidas que já somam R$ 989,7 milhões.

Usar o dinheiro do IPO para pagar dívidas e diminuir a chamada alavancagem de um negócio não é incomum. Os valores levantados no mercado podem ser usados também para desenvolver novos produtos ou serviços, fundar filiais e comprar outras empresas. No fim do dia, a ideia é conseguir investidores que acreditem no futuro do negócio.

O mercado tem apostado alto no futuro dos negócios que chegam à Bolsa. Além do recente aquecimento do mercado, a falta de opções também pesa, direcionando os investidores para as poucas ofertas novas, que são vistas como oportunidade.

Com a perspectiva de cenário político tumultuado e economicamente imobilizado em 2022, por conta das eleições, este ano ainda deve trazer boas oportunidades para quem quer surfar na onda dos IPOs. A estimativa dos bancos de investimento é que as operações em 2021 movimentem de R$ 200 bilhões a R$ 250 bilhões (em 2020, foram R$ 117,5 bilhões).

Muito além da precificação das ações, quem quer entrar em um IPO precisa entender o que a empresa que busca os aportes planeja fazer com o dinheiro. Entender os números pode ser difícil, mas compreender a história de cada companhia e de seus gestores antes de topar ser sócio dela é essencial.

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