Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu CRISE ENERGÉTICA

Hidrelétricas 'no limite do limite' e oportunidades da crise

Papéis das empresas de energia têm tudo para causar sofrimento no curto prazo.

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Quase três anos depois do início do seu governo, as falas do presidente Jair Bolsonaro já são recebidas pelos brasileiros com “desconto” de seus exageros. Ainda que seja descontado o ágio verbal, ouvir que as hidrelétricas estão "no limite do limite" abala o mercado.

Se levarmos em conta que o anúncio vem após diversos alertas sobre estarmos na “maior crise hídrica da história do Brasil” e consecutivos aumentos na conta de luz, é essencial entender como o problema afeta sua carteira de investimentos.

As empresas do setor elétrico, por exemplo, são tratadas no mercado como fornecedoras de estabilidade para o investidor. Tradicionalmente boas pagadoras de dividendos, têm lugar cativo nas carteiras recomendadas.

Faz sentido. O Brasil é o 8º maior gerador de energia do mundo e possui aproximadamente 185 giga watts (GW) de capacidade instalada.

Portos seguros, em renda variável, no entanto, não existem de forma absoluta.

Se a conta de luz aumenta, as distribuidoras de energia vão lucrar mais, certo? Não necessariamente. Para cortar gastos em época de conta alta, há quem opte por desligar equipamentos. Se houver racionamento, cai a base de arrecadação das empresas do setor.

Em 2015, na última grande crise hídrica do país, o preço das empresas de energia elétrica da Bolsa foi derrubado. O IEE (índice de energia elétrica), indicador do desempenho médio das ações do setor, caiu quase 20% entre junho e dezembro.

A fim de comparação, na grande queda causada pela pandemia de coronavírus, em março de 2020, o mesmo índice caiu 26%.

Trocando em miúdos, as figurinhas carimbadas de quem busca bons dividendos, os papéis das empresas de energia têm tudo para causar sofrimento no curto prazo.

Olhando o cenário adiante, no entanto, pode ser uma boa oportunidade. Após a crise de 2015, entre janeiro de 2016 e de 2017, o mesmo IEE subiu 60%. Em 2021, o índice acumula uma ligeira queda de 2,1%.

Esse é apenas um dos exemplos de como uma queda brusca pode trazer boas oportunidades no mercado de ações. Os efeitos de uma crise hídrica das proporções alardeadas por Bolsonaro e Paulo Guedes, no entanto, vai certamente causar sofrimento para diversos setores.

Muito além da luz de um cômodo da sua casa ou da geladeira do supermercado, metalúrgicas, que surfaram uma recente onda de alta, indústria de plástico e a agroindústria têm uma enorme dependência de energia elétrica e de fornecimento de água. Vale ficar de olho para aproveitar o movimento do mercado.

Vale notar que o ICI (Índice de Confiança da Indústria) interrompeu em agosto uma sequência de quatro meses em alta, recuando 1,4 ponto em agosto em relação a julho. E o IPP (Índice de Preços ao Produtor), que mede a variação de preços dos produtos na saída das fábricas, registrou inflação de 1,94% em julho.

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