Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu juros inflação Selic

Inflação alta traz nova perspectiva para investimento de curto prazo

Ter títulos atrelados ao IPCA pode dar bons frutos já nos próximos meses

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Não há otimismo sobre o atual momento do Brasil que sobreviva a uma boa olhada nas curvas de juros e de inflação. O termo parece tedioso ou técnico demais, mas vou simplificar. E mais, dá para ganhar algum dinheiro com isso até mesmo a curto prazo.

Na hora de criar uma carteira de investimentos, é comum comprar alguns títulos do Tesouro Direto, papéis de renda fixa que são títulos de dívida do governo. E as taxas oferecidas para quem topa "emprestar" dinheiro ao governo variam de acordo com o risco tomado.

Assim, títulos cujo vencimento será daqui a duas décadas costumam pagar mais do que os com vencimento próximo. Isso porque a dificuldade de prever o comportamento do mercado aumenta conforme o horizonte se distancia, numa lógica cartesiana.

Inflação altera escolhas de investimento de curto prazo - Gabriel Cabral/Folhapress

A NTN-B, por exemplo, é um título público atrelado à inflação, que paga o valor investido, corrigido pelo IPCA (nosso principal indicador de inflação) e somado a um percentual de rendimento, a chamada taxa.

No fim de 2019, antes do início da pandemia do coronavírus, uma NTN-B com vencimento em 2024 pagava a correção pelo IPCA mais uma taxa de 2%, enquanto a de vencimento em 2050 pagava uma taxa de quase 3,5%.

Quando a Selic foi a 2%, essa diferença ficou ainda maior. Para alguém topar investir em uma NTN-B 2050, ou seja, emprestar dinheiro a longuíssimo prazo, o governo passou a oferecer taxas de 4%, enquanto as de vencimento em 2024 pagavam pouco mais de 1%.

Agora, entretanto, com os sequenciais avanços da Selic para tentar conter a inflação e a dificuldade de garantir alguma estabilidade, mesmo que a curto prazo, as taxas se encostaram. Ambas estão pagando entre 5,5% e 6%, além da correção IPCA.

Em outras palavras: com a guerra encarecendo insumos, o amanhã ficou tão imprevisível quanto daqui a 20 anos. A boa notícia é que isso aumentou tremendamente a oferta de títulos pagando bem, e mais, há uma boa chance de ganhar dinheiro com esses títulos já nos próximos meses.

É aí que mora a oportunidade mais interessante: engana-se (e muito) quem acha que a ideia aqui é comprar os títulos e carregá-los na carteira até o vencimento (quem sabe onde estará em 2050, aliás?).

O nome "renda fixa" engana. O ganho é previsível para quem segura os papéis até o vencimento. No meio do caminho, porém, há oportunidades de vendê-los no chamado mercado secundário.

A mágica da "marcação a mercado", que é o preço praticado no mercado secundário, é ela reagir às mudanças dos índices aos quais o título é atrelado. No caso da NTN-B, quando cai o IPCA, os títulos passam a ser negociados mais caros no mercado secundário.

Isso porque, com a queda da inflação, o governo tende a emitir novos títulos pagando taxas mais baixas. Assim, quem comprou uma NTN-B com taxa de 6% tem em mãos um título valioso, já que os próximos a serem emitidos pagarão menos.

Por isso, quando há uma queda na inflação, vale a pena negociar tais papéis antes do vencimento, no mercado secundário, e embolsar a diferença. Um caso interessante, de ganhos de 90% em cerca de um ano, com títulos de renda fixa, está aqui: bit.ly/3KU9CHt.

Nossa inflação tem origens globais e parece indomável. Zonzo, o governo Bolsonaro aumenta a taxa de juros ao mesmo tempo que injeta mais dinheiro na economia, permitindo novos saques do FGTS.

Ainda assim, os especialistas acham difícil que a Selic vá muito além dos atuais 11,75% ao ano. Assim, ter títulos atrelados ao IPCA pode dar bons frutos já nos próximos meses, para quem souber negociar no mercado secundário.

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