Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Calotes nos EUA e no Brasil sinalizam armadilhas e oportunidades

Inadimplência dos brasileiros bateu recorde em julho e chega a 41,8% da população adulta, segundo o Serasa

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A enxurrada de incertezas após grandes crises obriga o investidor a dirigir com a cabeça para fora da janela, buscando reunir informações que permitam enxergar a estrada com mais clareza. Isso explica, em parte, o aumento da necessidade de entender o que se passa em outros países nesse momento de superação da pandemia de Covid-19.

Maior economia do mundo, os Estados Unidos ditam as cores do semáforo dos mercados mundiais. E acenderam, na última semana, uma luz amarela em relação ao risco de uma onda de calotes.

Cédulas de dólar - Gabriel Cabral/Folhapress

1 a cada 6 lares americanos está com contas de serviços públicos atrasadas. Uma série de ameaças de cortes de luz nos Estados Unidos atinge 20 milhões de famílias.

A Neada (Associação Nacional de Diretores de Assistência Energética) afirmou que esta é a pior crise que o grupo já documentou na história. De acordo com a associação, as dívidas acumuladas dobraram desde o período pré-pandêmico, chegando a US$ 16 bilhões (R$ 81,4 bilhões) em contas atrasadas.

Do lado de cá do Equador, a inadimplência dos brasileiros bateu seu recorde em julho. Hoje, 41,8% da população adulta está com dívidas atrasadas, de acordo com o último dado da Serasa Experian.

E a outra má notícia é que estamos nos endividando para pagar dívidas. A demanda dos consumidores por crédito nunca foi tão alta quanto em maio deste ano. Principalmente entre quem precisa de menos de R$ 500, aponta outro estudo, também da Serasa.

Grande parte dessa demanda por crédito tem sido absorvida pela oferta de cartões de crédito. A despeito da convicção do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, de que o cartão de crédito vai acabar em breve, cada brasileiro tem três deles ou mais. E os têm usado com frequência para pagar as contas.

No primeiro semestre deste ano, o volume transacionado por cartões de crédito atingiu R$ 1 trilhão —um aumento de 42% em relação ao mesmo período de 2021, aponta a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). As novas tecnologias (que capturam seus dados a todo momento) baratearam a análise de risco dos bancos, levando à proliferação de ofertas de cartão focadas nas classes C e D.

A alta da inadimplência tende a machucar empresas de setores como o varejo, o imobiliário e o da educação. Um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico, por sinal, mostrou que as dez maiores empresas do varejo na Bolsa separaram R$ 7,79 bilhões para cobrir a possível inadimplência de clientes de janeiro a junho deste ano, num aumento de 42% em relação ao mesmo período do ano passado.

Do outro lado do balcão, os bancos que têm estrutura para aguentar mais tempo sem receber pelo dinheiro emprestado e para cobrar o pagamento, com multa e juros, tendem a ganhar com o problema, no médio prazo.

Neste ano, enquanto o Ibovespa, principal indicador do nosso mercado, subiu 7,8%, o IFNC, que reúne as ações de bancos e corretoras no Brasil, já subiu 18%.

Após a divulgação dos números do primeiro semestre, ações de bancos tradicionais, como Bradesco, Itaú e BTG, têm sido recomendadas por analistas de instituições como JPMorgan, Safra e Citi, com a expectativa de manterem a valorização nos próximos meses.

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