Sete em cada dez brasileiros em busca de empréstimo desconhecem a linha de crédito na qual o imóvel é dado como garantia, o home equity, segundo pesquisa feita pelo Santander Brasil com 1.273 entrevistados.
Para Sandro Gamba, diretor da área de negócios imobiliários do banco, há muito potencial para a modalidade, comum nos Estados Unidos e na Alemanha, crescer no Brasil.
Enquanto o volume total de empréstimos bancários no último ano atingiu R$ 664 bilhões, chegando a R$ 4,6 trilhões em crédito contratado, a carteira de home equity foi de R$ 13,8 bilhões, de acordo com dados do Banco Central.
A autoridade monetária estima que a modalidade tem potencial para alcançar R$ 500 bilhões.
"Os juros são menores do que as demais linhas de crédito, e os prazos, maiores. Com educação financeira, matematicamente, é vantajoso", diz Gamba.
O empréstimo pode chegar a 60% do valor do imóvel, com prazo de pagamento de até 20 anos.
As instituições financeiras oferecem taxas a partir de 0,95% ao mês. Em empréstimos consignados, com desconto das parcelas direto na folha de pagamento, por exemplo, a taxa mensal é de 2%.
Titularidade do imóvel passa para a instituição
O home equity não é uma hipoteca. Durante a contratação do crédito é necessário transferir a titularidade do imóvel quitado para o banco por meio de alienação fiduciária. Só quando a dívida é quitada a propriedade volta para o contratante do empréstimo.
Na hipoteca, o imóvel continua no nome do contratante mesmo que haja inadimplência. Nesse caso, a Justiça seria acionada para tomar o imóvel do devedor.
O advogado Marcelo Tapai pede cautela na contratação do home equity para evitar o risco de perder a própria moradia.
"Por falta de educação financeira, famílias endividadas terão dificuldade para pagar o empréstimo. Nas outras formas de crédito, no caso de inadimplência, só ficam com o nome sujo. Colocando o imóvel como garantia, podem perder a casa", afirma Tapai.
Antes de oferecer o imóvel como garantia, é fundamental verificar quais taxas serão cobradas pela instituição financeira para não ter surpresas nas parcelas do empréstimo.
O pagamento de dívidas aparece em primeiro lugar dentre os principais motivos que motivaram um empréstimo home equity neste ano, segundo levantamento da fintech de crédito Pontte. Na sequência está investir em um negócio próprio.
Ampliação da modalidade
O governo federal quer ampliar o home equity. Uma das propostas no Senado é liberar uma mesma propriedade para ser dada como garantia em mais de um empréstimo, mesmo que em bancos diferentes.
A previsão é que a votação, adiada mais de uma vez, ocorra após as eleições.
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