Recuperação do setor aéreo não virá em 2022; entenda

Variante ômicron ameaça projeções de retomada das aéreas neste ano

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Tangi Quemener
Paris | AFP

O transporte de passageiros no setor aéreo em 2021 não foi nem a sombra do que em períodos anteriores, com metade da circulação registrada em relação aos níveis pré-pandemia, e este ano ainda terá que enfrentar desafios, como a variante ômicron do coronavírus.

No ano passado houve 2,3 bilhões de passageiros, muito menos do que em 2019 (4,5 bilhões), o último ano antes do aparecimento da Covid-19, informou nesta quarta-feira (12) a Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional).

Estes números preliminares da agência da ONU refletem certa melhora em relação a 2020, quando a pandemia provocou uma paralisação quase total no setor durante semanas.

Movimentação intensa no aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo, SP, nesta segunda (10) - Renato S. Cerqueira - 10.jan.2022/Futura Press/Folhapress

Em 2020, apenas 1,8 bilhão de passageiros embarcaram em aviões, 60% a menos do que no ano anterior, atingindo níveis que não se viam desde 2003.

Em 2021, as companhias aéreas continuaram sofrendo os efeitos da crise sanitária.

Assim, seu faturamento total em 2021 é estimado em US$ 251 bilhões (R$ 1,4 trilhão, na cotação atual), 56,3% a menos do que em 2019, US$ 575 bilhões (R$ 3,2 trilhões), embora esta cifra melhore a marca de 2020, de US$ 203 bilhões (R$ 1,1 bilhão).

Para 2022, a Oaci planeja cenários que variam entre -26% e -31% de passageiros em relação a 2019, com perdas no faturamento de -32,4% a -37,7%.

A organização destacou, ainda, um contraste entre as conexões domésticas e internacionais, pois estas últimas são afetadas pelos fechamentos das fronteiras e outras restrições.

Em 2022, a Oaci estima que o tráfego internacional de passageiros continuará sendo de 43% a 48% inferior ao de 2019.

Ao contrário, nos voos domésticos, o volume de passageiros será entre 14% e 19% mais baixo do que antes da crise sanitária.

Queda brutal das reservas

As previsões coincidem com as da Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo), que em outubro considerava que as companhias teriam perdas líquidas acumuladas de US$ 11,6 bilhões (R$ 64,5 bilhões) este ano contra US$ 51,8 bilhões (R$ 288 bilhões) previstos em 2021 e US$ 137,7 bilhões (R$ 765,7 bilhões) de 2020.

No entanto, estas previsões foram feitas antes do aparecimento da variante ômicron do coronavírus, muito contagiosa, que levou os governos a impor restrições à circulação.

"Para nós é surpreendente que as vendas de passagens de avião para voos internacionais feitas entre dezembro e o começo de janeiro tenham caído brutalmente em relação a 2019, o que antecipa um primeiro trimestre [de 2022] mais difícil do que o esperado", avaliou nesta quarta-feira (12) o diretor-geral da Iata, Willie Walsh. Sua organização reúne mais de 290 companhias, que totalizam 83% do tráfego aéreo mundial.

Até agora, o cenário da Iata para 2022 prevê situações muito diferentes em função das grandes zonas geográficas, com as companhias aéreas americanas voltando ao terreno da rentabilidade (US$ 9,9 bilhões de ganhos acumulados).

As companhias aéreas, por sua vez, com grande preponderância de serviços internacionais, deveriam continuar deficitárias em 2022, com prejuízo previsto em US$ 9,2 bilhões (R$ 51,2 bilhões), segundo a Iata.

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