Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu juros

Bolsa no topo: o que você fez com os dividendos?

Ibovespa subiu 11% nos últimos 17 dias, o equivalente a praticamente a nossa taxa básica de juros anual

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Na Faria Lima, já tem champanhe gelando para a festa dos 130 mil pontos do Ibovespa. A dúvida é se o gelo derrete antes ou depois da Bolsa.

O rali (é como chamam essas subidas de uma vez só) veio forte para a turma dos investimentos sonhar com um Natal farto. Foi uma alta de 11% em 17 dias —o equivalente a praticamente a nossa taxa básica de juros anual.

Agora, chovem previsões de que ela vai subir, cair ou se manter no novo patamar. Mas não há grandes novidades além das que já abordamos aqui outras vezes: inflação acalmando, cortes de juros no Brasil e insegurança nos Estados Unidos. Nossos ativos de risco ficam mais apetitosos para quem gosta.

Em um palco de eventos corporativos, dezenas de pessoas estão reunidas frente a um tipo de púlpito onde está a logomarca da B3. Eles comemoram o lançamento do produto
Na B3, bolsa de valores brasileira sediada São Paulo, profissionais participam do lançamento do Certificado de Recebíveis de Impacto Ambiental e Social - Divulgação

Se você, como a grande maioria dos investidores, não é um grande trader, que fica comprando e vendendo ações o tempo todo de acordo com a cotação do dia, é mais importante entender que a verdadeira rentabilidade de investir na Bolsa brasileira vem dos dividendos. Mas não naquela ideia de "receber um salário todo mês" e sair gastando por aí.

Um estudo exclusivo que me foi apresentado pelos especialistas do Nubank mostra que, de janeiro de 2010 a junho de 2023, o Ibovespa entregou um retorno de 48%. Mas isso porque reinveste os dividendos na própria carteira. Sem reinvestir os dividendos, sabe quanto sobra? Menos que zero. Mais especificamente, 14% negativos. Desvalorização pura e simples da sua carteira.

E isso é algo do nosso mercado. O mesmo recorte, nas mesmas datas, com o S&P 500, equivalente ao Ibovespa das Bolsas de Valores dos Estados Unidos, mostra que o reinvestimento dos dividendos lá é responsável por apenas 30% da valorização total do índice (que foi de 289% no período).

Queridinhos dos brasileiros, os dividendos são vistos com bons olhos para quem busca "viver de renda" ou um "segundo salário". Mas são, muitas vezes, a demonstração de que as empresas não enxergam mais potencial de crescimento e preferem dividir a grana para manter o acionista feliz do que expandir e aumentar seu valor.

Destravar o potencial de crescimento das empresas locais é um dos grandes desafios do governo. Com a economia da China em desaceleração, é esperado que viremos cada vez mais o alvo de produtos do gigante asiático (ou anteriormente destinados a ele), como o aço.

Em conversa que tivemos na última semana (disponível no YouTube do Monitor do Mercado), o coordenador do grupo de trabalho da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG), garantiu que o novo regramento vai destravar o crescimento da indústria local.

Questionado se a indústria seria a mais beneficiada com a nova lei, respondeu que, na verdade, ela é a mais prejudicada com o sistema atual e que a reforma estaria apenas equalizando isso. Tentou desviar, mas ficou claro que a indústria vai ganhar o filé, com a esperança de que isso abre portas para o crescimento econômico.

Se o plano der certo, talvez o investidor do Brasil de 2033 tenha que dar adeus a alguns dividendos que pingam na conta pela sua carteira de ações. Mas isso seria uma boa notícia: a de que a economia está efetivamente avançado e as ações ganhando valor real.

Erramos: o texto foi alterado

A alta de 11% em 17 dias no preço das ações é o equivalente a praticamente a taxa básica de juros anual, e não à inflação acumulada em 12 meses, como afirmou incorretamente versão anterior deste texto.

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