Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Na Bolsa, Lula 3 é quase igual a Bolsonaro e Temer, até agora

Mercado reagiu 'muito bem, obrigado' ao primeiro ano do terceiro mandato do petista

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São Paulo

A fita métrica do mercado financeiro nacional é o Ibovespa. O índice tem a função de apontar quando a Bolsa voa e quando respira por aparelhos. Não é jabuticaba. As principais economias globais têm seus índices para isso: S&P 500 e Nasdaq nos Estados Unidos; Merval na Argentina…

Assim, para ver a reação do mercado —o mercado de verdade, não um ou outro gestor da Faria Lima mais afeito a redes sociais e entrevistas—, o índice é o primeiro sinal a ser checado. Os números, nesse caso, dizem mais do que as palavras. Ao menos sobre o passado.

Olhando para a variação da nossa Bolsa no último ano, vemos que o mercado reagiu "muito bem, obrigado" ao primeiro ano do terceiro mandato do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Foram 26,14% de alta em 2023. Quase 2 pontos percentuais acima do S&P 500, principal indicador do mercado global, que entregou 24,23% de ganhos.

Primeiro ano de um governo é tradicionalmente apontado como "lua de mel" - REUTERS/Adriano Machado

É importante lembrar que os investimentos em Bolsa estavam competindo com uma taxa de juros que pagava, entre 13,75% e 11,75% ao ano. Ou seja, a renda variável estava ainda muito pouco atraente, perto de ativos com pouquíssimo risco, como títulos do Tesouro.

O primeiro ano de um governo é tradicionalmente apontado como "lua de mel". Cidadãos, imprensa e analistas tendem a dar uma colher de chá nas críticas, para dar tempo para a nova equipe se estabelecer e botar em prática suas promessas de campanha. Por isso, faz sentido comparar o primeiro ano deste governo com os mesmos períodos dos governos anteriores.

E é nessa comparação que notamos como o primeiro ano de Lula 3 é quase igual aos primeiros 365 dias do governo de Jair Bolsonaro e de Michel Temer. Assim como Lula em seu terceiro mandato, Temer também viu a Bolsa subir 26% no seu primeiro ano de governo. Na gestão Bolsonaro, o resultado ficou um tiquinho acima: 27% de alta nos primeiros 12 meses.

Com Temer, o Ibovespa ficou quase 10 pontos percentuais acima do S&P 500, enquanto, com Bolsonaro, entregou ganhos 1,7 ponto percentual abaixo do indicador global.

Para ampliar a margem de comparação, nos primeiros anos dos mandatos de Dilma Rousseff, o Ibovespa caiu 10% (em 2015) e 18% (em 2011). Nos outros mandatos de Lula, o mercado soltou fogos, com altas de 40% (2007) e 91% (2003) no período. A tabela completa pode ser acessada no site Monitor do Mercado.

Quem tracionou o mercado de renda variável no ano passado não foram investidores como você e eu. A participação do investidor brasileiro, "pessoa física", no volume de negociações da Bolsa caiu de 19%, no fim de 2021, para 14,9% em 2022, chegando a 13,9%, no fim de 2023, de acordo com dados da B3.

Os investidores estrangeiros foram responsáveis por 50,4% das negociações em 2021 e, agora, respondem por 54,8% delas. Também cresceu a participação dos investidores institucionais (administradores de grandes fortunas), que saíram de 25% das negociações para 26,8%.

O fluxo de entrada de dinheiro estrangeiro em ações brasileiras em 2023 chegou a R$ 44,9 bilhões, segundo levantamento divulgado pelo BTG Pactual. Em 2022, haviam sido R$ 100,8 bilhões. Considerando que nos três anos anteriores os gringos tiraram mais dinheiro do que botaram na nossa Bolsa, os números mostram estrangeiros otimistas com o Brasil. Até agora.

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