Esqueçam bolsas de grife, viagens ao exterior e carros importados. Ostentação hoje, no Brasil, é comer carne bovina, encher o tanque do carro, comprar botijões de gás e ligar as lâmpadas em casa. A inédita classificação de ossos de primeira e de segunda, antes restrita à carne bovina, retrata o buraco em que nos metemos.
Para a maioria dos consumidores, sobram as cotações do mercado —de pés e carcaças de frango, de ossos, de legumes e frutas que seriam jogados no lixo, de arroz e feijão quebrados. Pessoas que torciam o nariz para miúdos, como fígado e dobradinha, agora comemoram a eventual compra de pescoço de galinha. Cabeças de peixe fazem sucesso em caldos.
Mas, com aumento da procura, esses itens também sobem de preço, e vão sumindo da mesa dos mais pobres. Vinte milhões de brasileiros passam fome, e a insegurança alimentar atinge mais da metade da população do Brasil.
Apesar de tudo isso, um quadro que nos apavora e nos deprime, ainda são desperdiçados, anualmente, 60 quilos de alimentos por pessoa, segundo o Índice de Desperdício de Alimentos 2021.
E as coisas podem piorar mais. Os caminhoneiros ameaçam cruzar os braços no próximo dia 1º de novembro. Se fizerem isso, teremos de enfrentar falta e encarecimento de produtos, além de gargalos na prestação de serviços.
Em curto prazo, não há saída para os consumidores brasileiros que não seja economizar ao máximo, comparar preços, evitar todo e qualquer desperdício e mudar hábitos de consumo, dando preferência a alimentos da estação, geralmente mais baratos —ou menos caros.
Em médio e longo prazos, cabe-nos lembrar os nomes dos responsáveis por esta catástrofe econômica e social, e lhes dar um cartão vermelho nas urnas eleitorais. Um lembrete: eles também desprezaram os esforços para combater a Covid-19, e não gostam de vacinas.
Nesta segunda-feira (25), o Itaú Unibanco divulgou previsão de recessão em 2022. Por enquanto, queda projetada de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Vamos parar por aqui, respirar um pouco e seguir em frente.
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