Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus alimentação

Brasil vira país dos 'sem-proteína'

Estagflação acendeu sinal vermelho na mesa dos mais pobres

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O presidente Jair Bolsonaro não citou em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (21), mas a economia à deriva criou uma imensa categoria de carentes: os sem-proteína. São milhões de pessoas que, no máximo, conseguem comprar carne e derivados fracionados ou congelados em unidades (uma coxa de frango, um pedaço de linguiça) em pequenos mercados de bairro.

É importante, contudo, comparar preços por quilo, pois é bem possível que a unidade seja proporcionalmente mais cara.

Pés de galinha e ossos bovinos, antes sequer cogitados no prato, hoje ainda são opções, mas estão ficando mais caros. E parte dos consumidores já não consegue nem comprar uma dúzia de ovos.

Não estou falando da Venezuela, tão citada por políticos do atual governo como exemplo de país com graves problemas político-econômicos, mas do Brasil. Sim, um dos maiores produtores mundiais de alimentos, como carne bovina, suína e de frango, arroz, açúcar, laranja e óleo de soja. A estagflação acendeu sinal vermelho na mesa dos mais pobres. E a energia elétrica é outro vilão do custo de vida.

No acumulado de 12 meses em julho último, a inflação ficou em 10,05% para as famílias de baixa renda, e em 7,11% para os mais ricos. Quem ganha menos, muitas vezes em atividades informais, também tem mais dificuldade para pagar acima de R$ 100 por um botijão de gás, e recorre à lenha ou gravetos para cozinhar.

Segundo o Datafolha, 45% dos brasileiros têm alguma dívida ou conta atrasada; 85% reduziram o consumo de alimentos desde o início do ano, principalmente carne bovina; laticínios; pão; frango; porco; massas; frutas, legumes e verduras; feijão e arroz. Para mais da metade dos brasileiros, sua situação econômica piorou nos últimos meses.

O PIB (Produto Interno Bruto) deverá crescer cerca de 5% este ano —depois de cair 4,1% em 2020—, mas não deve superar 1,7% em 2022.

Como sofrer menos? Faça um orçamento detalhado, com lançamento de receitas (salários, por exemplo) e despesas; compare preços, e troque dívidas de cartão de crédito por outras de mais longo prazo, com juros menores. Aconselho quem receber 13º salário ou tiver qualquer ingresso de dinheiro a quitar as dívidas. Para facilitar ainda mais nossas vidas (isso é ironia, claro!), o governo aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ou seja, o crédito vai ficar ainda mais caro.

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