Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus inflação

Preços flexíveis de remédios podem aumentar inflação dos idosos

O aposentado com uma série de doenças crônicas controladas por tratamento, enxerga um horizonte ainda mais difícil e ameaçador

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os idosos com alguma renda –geralmente, uma magra aposentadoria– têm sofrido muito com a inflação alta. Em entrevistas sobre a carestia para noticiários de televisão, sempre há pessoas mais velhas contando que tiveram de reduzir ou cortar o consumo de produtos como carne bovina, iogurte, café, óleo de soja, frutas e medicamentos. A inflação dos idosos é particularmente cruel, e agora uma ala do governo federal defende a flexibilização dos preços dos medicamentos.

Com a pandemia, nossos pais, avós, tios, amigos e vizinhos mais velhos tiveram de redobrar os cuidados para não adoecer e morrer de Covid-19. Muitos não conseguiram, infelizmente. Ficaram em casa, usaram máscara e álcool em gel, estrearam as filas para vacinação.

Ainda assim, parte deles esteve à mercê de parentes ou conhecidos mais jovens que, por necessidade ou não, continuaram circulando fora de casa e levaram o vírus a eles.

Cartelas de remédios estão sobre uma mesa
Apenas dois em cada 10 pacientes que tomam antidepressivos apresentam sinais de melhora - Freepik

O Estatuto do Idoso é uma das boas legislações brasileiras, como o CDC (Código de Defesa do Consumidor), o Marco Civil da Internet, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e a Lei do Superendividamento. Teria, contudo, de contar com uma rede de atendimento e proteção, o que não acontece amplamente, embora haja exceções à regra.

Agora, nós nos deparamos com uma anacrônica e irracional invasão da Ucrânia pela Rússia, que, além da tragédia humana na região, começa a influenciar negativamente a economia, com aumento da cotação do barril de petróleo, de grãos e de fertilizantes.

A vida, portanto, ficará mais difícil para todos, em especial para quem já lutava para sobreviver com dignidade. Quem propõe o vale-tudo nos preços dos remédios, provavelmente, não tem preocupações financeiras. O aposentado, contudo, com uma série de doenças crônicas controladas por tratamento, enxerga um horizonte ainda mais difícil e ameaçador.

Há, felizmente, alguns programas como Farmácia Popular, que oferece medicamentos subsidiados para algumas das principais doenças, em rede própria e lojas parceiras. Outros programas são estaduais –como o Dose Certa, em São Paulo– e municipais, em capitais e cidades do interior do Brasil.

Algumas empresas, entidades de classe e planos de saúde também oferecem convênios com farmácias, para descontos de medicamentos.

Mas, evidentemente, esses programas não cobrem a ampla gama de medicamentos que os idosos utilizam.

Enquanto a insanidade envia tanques e exércitos para o segundo maior país europeu em extensão, com milhares de anos de história e tradição cultural, a economia mundial, que já sofria com os golpes da longa pandemia de coronavírus, tem duríssimos desafios para não cair de joelhos.

Nesse contexto, os quase 30 milhões de brasileiros (talvez sejam bem mais!) abaixo da linha de pobreza sabem que ficará mais difícil comer o mínimo necessário, enquanto o gás de cozinha continuará encarecendo, e cuidar da saúde.

Esses cidadãos e cidadãs precisam de apoio oficial, que certamente não virá do mercado, abalado pelas consequências da pandemia. Medicamentos mais caros, nos próximos meses, ameaçariam muitas vidas.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.