Pesquisar preços antes das compras sempre foi recomendação básica aos consumidores, principalmente os de baixa renda, a maioria dos brasileiros. Mas poucas vezes na história deste país, lamentavelmente, encontrar o melhor preço foi tão vital, pois a inflação continua alta e generalizada, e os raros empregos que aparecem têm menores salários.
Trocar marcas dos produtos adquiridos contraria as escolhas dos consumidores, mas é uma das poucas saídas para enfrentar a carestia e o achatamento da renda familiar.
Mesmo no passado hiperinflacionário, na maior parte do tempo, havia taxas elevadíssimas, mas índice de desemprego menor, mais formalização do trabalho (com registro em carteira e benefícios) e mecanismos de correção dos salários.
Hoje, não se trata somente de procurar o produto mais em conta. Muitas vezes, é fundamental substituir um item costumeiramente utilizado, por ter um preço que não cabe em orçamento algum. Ou optar por um produto de marca menos conhecida, mas financeiramente mais em conta.
E não me refiro a produtos mais sofisticados, tidos como supérfluos, mas a cenoura, tomate, abobrinha, melão, morango e carnes, campeões dos reajustes nos últimos 12 meses, dentre outros vilões da alimentação. Quando seus preços dispararam, a carne bovina começou a ser substituída por frango, depois por miúdos, salsicha, sardinha e ovos. Não foram poucos que passaram a comprar pés de galinha e ossos!
Até o cafezinho ficou mais distante da xícara, pois seus preços subiram quase 70% nos últimos 12 meses.
A inflação de abril último, 1,06%, a maior para este mês desde 1996, ligou sinal vermelho para a economia brasileira. Estamos indo para o vinagre enquanto a politicagem segue na ordem do dia, com discussões sobre urnas eletrônica, perdão para parlamentar de estimação e uma improvável privatização da Petrobras.
Não há propostas claras para desacelerar a inflação, especialmente os preços dos produtos da cesta básica, nem para gerar empregos. Muito menos para recuperar o poder de compra dos brasileiros.
Então, além de ficar atentos ao processo eleitoral para escolher melhor os futuros governantes, há que passar pente-fino nas compras, com muita pesquisa e identificação de itens que substituam os mais caros.
E isso que eu nem falei da escalada de preços da energia elétrica, do gás de cozinha e dos combustíveis, não são sujeitos à concorrência, e que encarecem tudo o que consumimos.
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