Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Descrição de chapéu Folhajus Todas Dengue

Saúde está doente e sem tratamento à vista

Saúde sem recursos financeiros será sempre um remendo num tecido já esburacado e puído

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Epidemia de dengue, pais que não levam os filhos para se vacinar, planos de saúde que tentam combater prejuízos cancelando planos de pessoas idosas. A saúde brasileira está doente, e não há tratamentos milagrosos. A solução necessariamente será público-privada e todos perderão um pouco para que haja um equilíbrio –ou menos desequilíbrio.

Os avanços tecnológicos salvam vidas, dão mais esperança para a cura de doenças até agora letais, mas custam caro. Alguns medicamentos custam milhões de reais. Como dizer, contudo, para uma família que seu filho não deve ser tratado porque o remédio custa uma fortuna?

É justificado o choque provocado pelos cancelamentos de planos de saúde de idosos que pagavam os boletos em dia, às vezes havia décadas. Assim como também se justifica a insatisfação de doentes que esperam em filas intermináveis ou que não encontram leitos nos hospitais públicos.

Pacientes aguardam horas para atendimento no pronto-socorro do Hospital do Servidor Público de São Paulo
Pacientes aguardam para atendimento no pronto-socorro do Hospital do Servidor Público de São Paulo - Victoria Cócolo

Ninguém se sente feliz com a situação –operadoras de planos de saúde, prestadores, ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Executivo, Legislativo, Judiciário, beneficiários e clientes, sejam do SUS, sejam da saúde suplementar.

Não há respostas prontas, muito menos propostas que sejam boas para todas as partes envolvidas. No cenário da saúde, cada um tenta jogar com suas próprias regras e não há jogo que dê certo com normas variáveis.

Evito utilizar a palavra pacto porque, ao longo do tempo, foi desgastada com fins eleitoreiros, ou para disfarçar a defesa de interesses próprios. Mas algum grande acordo terá de ser feito. Afinal, há perguntas que continuarão incomodando todos nós.

Por exemplo, como fazer com que os brasileiros e brasileiras voltem a confiar na vacinação em massa para evitar que doenças como sarampo e poliomielite voltem a infernizar as famílias?

Como melhorar a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) para que hospitais como as Santas Casas consigam ao menos equilibrar as contas no atendimento às pessoas de baixa renda, que são maioria no Brasil?

Aqui tratamos, além do direito do consumidor, do direito que as pessoas têm, ou deveriam ter, de tratar as doenças com o que houver de melhor no campo da medicina, ainda que não tenham renda para bancar planos de saúde caríssimos. Esperava, sinceramente, que nas discussões para a reforma tributária a viabilidade da saúde pública e privada fosse uma das prioridades.

Não percebi essa diretriz nas mudanças propostas, sem entrar no mérito se serão boas ou ruins. Saúde sem recursos financeiros será sempre um remendo em um tecido já esburacado e puído. Já deveríamos ter avançado nesse debate, mas ainda nem começamos a unir esforços para que a saúde se cure, a fim de chegar a todos e a todas.

Repito: a saúde está doente e não há tratamento em vista

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