Injusto dizer que em seis meses a gestão Bolsonaro não fez nada. Que má vontade. Fez muita confusão, balbúrdia, guerras dentro e fora do governo e já deixou uma marca muito importante: intimidação. É o jeito que o presidente e sua tropa de choque acreditam minar as críticas que sofrem e também constranger adversários políticos, imprensa, cidadãos que questionem suas atuações e também aliados.
Até recentemente o método era o dos mais rasteiros. Se Jair e cia. não gostam de algo publicado ou dito, usam as redes sociais para expor o mensageiro e contam com o linchamento virtual que vem a seguir. Funciona. A artilharia formada por milícias virtuais, blogueiros governistas e também os filhos do presidente, que são tão irresponsáveis quanto ele, têm por hábito estimular violência em vez de debate.
Não é uma tática nova nem exclusiva, mas a eficiência e a truculência usadas revelam a preferência por métodos nada democráticos para lidar com oposição e discordância. A defesa da liberdade de expressão, que o presidente fez ao se colocar ao lado do humorista Danilo Gentili, condenado por injúria, é tão consistente quanto gelatina.
Agora esta. O ministro Sergio Moro, encurralado em acusações de parcialidade, é apontado como responsável por pedir um relatório sobre a movimentação financeira do jornalista Glenn Greenwald, autor das denúncias. Lá no Paraná, de onde eu e Moro somos, o nome disso é intimidação. Pelo menos ele não pode ser acusado de falta de lealdade. Até o modus operandi segue a linha do patrão.
Verdade seja dita, não podemos reclamar de estelionato eleitoral. Bolsonaro se elegeu com discurso despótico e deixou claro como trataria críticos, adversários e imprensa. Portanto, não chega a ser surpresa que ameaças covardes façam parte do que ele entende por democracia. Quando falta autoridade a única arma possível é o autoritarismo.
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