Atualizaram as definições de "com STF, com tudo". Já são quase dois anos de governo, mas Bolsonaro parece ter finalmente aprendido o que nem os 28 anos de parlamento foram capazes de lhe ensinar e o que Dilma não conseguiu nem em um mandato e meio: fazer política. Não a "nova" política, sem o toma-lá-dá-cá, prometida na eleição e no primeiro ano de mandato, mas aquela mesma com o ranço de sempre. A ocasião faz o ladrão.
O capitão, que já bancou o tigrão para cima do Congresso e do Supremo, age cada vez mais feito tchutchuca com os mesmos que sempre serviu de bandeja para sua militância mais radical: Rodrigo Maia, David Alcolumbre e Dias Toffoli.
Militância que vem sendo jogada para escanteio por motivo de "prioridades". Mais vale ficar de boas com um Rodrigo Maia, sentado sobre dezenas de processos de impeachment, fazendo as reformas caminharem, a apoiar maluco que pede a volta da ditadura. A ditadura que espere. Melhor gastar energia com uma indicação no STF, capaz de livrar o pescoço da prole, a agradar pastor terrivelmente evangélico. Prioridades. Deus acima de todos fica para 2021.
O sinal de que a paz —e os conchavos— volta a reinar em Brasília teve um sinal incontestável. O senador Renan Calheiros, aquele tipo que é a prova de que o Brasil jamais dará certo, voltou aos holofotes.
Depois de promover a reconciliação entre Maia e o ministro Paulo Guedes, em entrevista à CNN festejou o "grande legado" que Bolsonaro, a quem sempre criticou, pode deixar: acabar com o "estado policialesco" que tomou conta do país. Calheiros celebrou as medidas tomadas pelo governo que levam ao desmonte da Lava Jato (aquela que Bolsonaro diz ter posto fim porque não existe mais corrupção) e as nomeações feitas pelo presidente, incluindo a do próximo ministro do STF.
Com STF, com tudo. Romero Jucá deve estar orgulhoso.
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