Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Um país em depressão

Deveria ser proibido ter um miliciano na presidência

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Você já deve ter lido esse texto aqui, talvez mais de vez. Cá estou novamente depois de uma semana pesadíssima, tentando juntar as forças, os caquinhos, algumas palavras para falar sobre essa depressão coletiva de quem não aguenta mais o governo.

Eu sei, já disse que não aguento não aguentar mais. Você já sabe. Perdi um leitor que disse que eu era mais divertida. Verdade, eu era bem mais divertida. Comecei a dormir mais, não era sono. Passei a beber mais, talvez precisasse relaxar um pouco. Só consegui ressacas horríveis e além de triste me senti imprestável.

Uma atividade física mais intensa melhora qualquer cabeça. Passei a nadar no mar. Sim, ficava moída, bebia menos, dormia melhor. Abandonei a natação quando recebi ameaças e fiquei dois meses sem sair de casa sozinha. Voltei para bebida, apostei em drogas ilícitas porque são uma delícia, porque sou favorável a legalização e para mentalmente provocar o presidente et caterva. Não pode?

O presidente  da República, Jair Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro - Pedro Ladeira - 18.mai.2022/Folhapress

Acho que deveria ser proibido ter um miliciano na presidência, acho que presidente da Câmara que esquenta pedido de impeachment com a bunda deveria ser cassado, que arma não deveria ser vendida como banana, que jornalistas não poderiam ser hostilizados e mortos, que ambientalistas são um tipo de herói que precisa de proteção do Estado. Eu também sou cheia de opiniões e elas nem colocam a vida de alguém em risco.

Do que eu falava mesmo? De drogas. Às vezes, elas funcionam. Mas nem sempre. É só ligar a TV, abrir os jornais, conversar com o porteiro, o taxista, a manicure. Não se fala em outra coisa.

Quando esse inferno acaba? O inferno sempre pode ficar pior. Essa semana nada teve jeito. Se você saiu da cama, nesta sexta (16), sem sentir vontade de morrer um pouco é porque já está morto.

Eu não queria sofrer por gente que mal conheço, mas nem a tarja preta dá conta de me transformar num filho da puta insensível, que trata assassinato como página virada da nossa história. Mas passei a semana com um sentimento de tristeza, que virou luto, que vai passar por medo, por desesperança, e que disso tudo sobre apenas raiva.

Talvez eu devesse abrir uma cerveja. Talvez seja melhor dobrar a dose do antidepressivo. Não adianta trocar o antidepressivo, é preciso trocar o presidente. Se você não está deprimido, não entendeu nada. Se está se sentindo um pano de chão velho, pega aqui o meu abraço.

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