Eu já fui muito maconheira; passou. Mas uma das coisas de que me lembrei recentemente é que muito antes de se falar das maravilhas da Cannabis como remédio, teve uma época em que eu dava um tapinha antes de dormir. Como já era na minha fase pós-viúva do Bob Marley, apelava a amigos adeptos para me fornecer um beck prontinho, que eu guardava dentro de uma caixinha muito charmosa na mesa de cabeceira.
Não me lembro por que parei com esse consumo. Talvez pelo preconceito de que estava me drogando. Ora, ora... Anos depois, sofria com a dependência de Zolpidem, o remédio milagroso que me devolveu o sono, mas me afundou em ressacas homéricas e em perda de memória. Depois do meu relato neste espaço, recebi inúmeras mensagens de conhecidos e de leitores muito mais bem informados do que eu sobre o uso do óleo de Cannabis para insônia.
Consultei um médico, fiz a encomenda do "meu CBD, minha vida" e me joguei no Google para saber o que havia sobre o assunto. Queria ler sobre a eficácia, porque meu cérebro muitas vezes se condiciona ao que lê. Dei de cara com muitos textos que me prometeram sono com anjos tocando harpas, mas também com a falta de conclusões sobre como o CBD pode atuar na insônia.
Nesta quarta (20), um artigo de Drauzio Varela mostra por meio de pesquisa que "fumar maconha interfere na qualidade do sono de forma mal conhecida e imprevisível". Certamente, quem tem experiência positiva vai discordar. Com o óleo da Cannabis é igual. Para uma amiga, não fez cosquinhas. Eu encontrei os anjos.
Há uns três meses, fiz as pazes com o sono, graças a duas gotinhas milagrosas, extraídas da Cannabis. Entendo que não há mágica o que foi observado pelos pesquisadores, que ainda não sabem se o sono vem apenas porque pode diminuir a ansiedade, por exemplo, ou se há alguma propriedade que ajuda a combater a insônia. Ainda faltam investigações para saber se o CBD tem esse poder sozinho.
No meu caso, tenho me esforçado para abandonar o celular e foco a respiração e o relaxamento corporal para entrar na vibe de Morfeu. Baixei um aplicativo de meditação que tem áudios guiados para pegar no sono. Pronto. Nunca cheguei ao fim porque adormeço na metade. Não sei se é a Cannabis, a história para dormir ou a voz do locutor, mas eu tenho apagado.
Durmo bem, acordo sem ressaca, com disposição e com a esperança de ter parado de destruir meus neurônios, ao menos assim. Adeus, Zolpidem.
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