Martin Wolf

Comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School of Economics.

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Martin Wolf
Descrição de chapéu Financial Times

Melhores livros de economia em 2018

De financiamento externo em países em desenvolvimento a polêmica contra finanças modernas

Dance of the Trillions: Developing Countries and Global Finance, de David Lubin (Brookings Institution/Chatham House)

Dance of the Trillions: Developing Countries and Global Finance
Livro sobre análise da história do financiamento externo em países em desenvolvimento na década de 1970 - Reprodução

David Lubin comanda o departamento de economia para mercados emergentes no Citi. Nesse curto livro, ele analisa a história do financiamento externo a países em desenvolvimento desde a década de 1970. A grande história é a virada de um regime dominado pelos Estados Unidos que deu lugar a mercados livres de capital e depois se tornou um regime dominado pela China, no qual o Estado tem mais  poder, e o mercado menos. O passado, ele argumenta, pode ser um prólogo: o mundo para o qual estamos nos encaminhando pode ser mais parecido com aquele que se seguiu ao mais recente colapso da globalização, na década de 1930.

 

Red Flags: Why Xi’s China is in Jeopardy, de George Magnus (Yale)

Magnus oferece a visão de um observador externo objetivo sobre o estado da China. O país enfrenta diversos desafios econômicos sérios, ele argumenta. "Xi e seus assessores mais próximos sabem que o modelo econômico precisa mudar, e que a maior contradição que enfrentam é a tensão entre a modernidade, os mercados e o impulso implícito por adotar o Estado de Direito, por um lado, e a estrutura do Estado de partido único, pelo outro".

 

Prosperity: Better Business Makes the Greater Good, de Colin Mayer (Oxford)

Mayer, da Saïd Business School, na Universidade Oxford, é um dos mais renomados críticos mundiais da ideia de que o objetivo de uma companhia é maximizar seu valor para os acionistas. Ele argumenta convincentemente que isso representa uma traição a uma das invenções humanas mais extraordinárias. As companhias, ele afirma, "não são um veículo para controlar nossas vidas em benefício de uma pequena classe de proprietários privilegiados. São uma organismo que pode promover cooperação e colaboração na realização de propósitos que, individualmente, não poderíamos nem conceber e nem realizar com o mesmo grau de credibilidade ou integridade".

 

Adam Smith: What He Thought, and Why it Matters, de Jesse Norman (Allen Lane)

Nesse soberbo livro, Norman, um parlamentar conservador britânico, demonstra com sucesso a coerência e a sutileza do pensamento de Adam Smith. Ele sugere seis grandes lições: primeiro, devemos distinguir entre o capitalismo e a sociedade comercial; segundo, a sociedade comercial precisa de Estados modestos mas fortes; terceiro, as sociedades comerciais tornam possíveis os Estados fortes; quarto, as sociedades comerciais têm fraquezas, acima de tudo a tendência ao compadrio; quinto, a maior dessas fraquezas é a tendência a danificar "a ideia mesma do valor humano"; e, sexto, a sociedade comercial precisa evoluir. E hoje precisamos aprender com Smith, porque nossa sociedade precisa desesperadamente de renovação.

 

Last Resort: The Financial Crisis and the Future of Bailouts, de Eric A. Posner (University of Chicago Press)

Posner, da Escola de Direito da Universidade de Chicago, escreveu um livro surpreendente e importante. O argumento dele é que, durante a crise financeira, as autoridades, especialmente o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, violaram a lei - mas o importante é que tiveram razão ao fazê-lo: como costumavam dizer os antigos romanos, "salus rei publican suprema lex" (a segurança da república é a lei suprema). Limitar os poderes da instituição de empréstimo de último recurso seria exatamente a coisa errada a fazer. E a coisa certa seria aumentá-los.

 

The Finance Curse: How Global Finance Is Making Us All Poorer, de Nicholas Shaxson (Bodley Head)

O livro é uma esplêndida polêmica contra as finanças modernas, em geral, e a City de Londres, em particular. O autor pega pesado, em um trabalho bem escrito e informativo. Em lugar de facilitar o investimento produtivo, a atividade dominante das finanças contemporâneas é promover os interesses dos rentistas. Isso acontece sob diferentes disfarces: as finanças modernas não só promovem a sonegação e evasão de impostos mas, argumenta Shaxson, habilitam a corrupção e o banditismo em escala imensa. Temo que ele esteja certo.

 

Money and Government: A Challenge to Mainstream Economics, de Robert Skidelsky (Allen Lane)
Historiador e biógrafo de John Maynard Keynes, Skidelsky é uma figura importante na retomada do pensamento keynesiano, desde a crise financeira. Seu objetivo, nesse novo e ambicioso livro, é argumentar que a incerteza predominante, que Keynes enfatizou em sua seminal teoria dos anos 30, explica por que o dinheiro e os governos precisam ter papel central em qualquer economia de mercado. Ao ignorar a instabilidade fundamental da economia de mercado, a corrente econômica dominante no momento só consegue oferecer uma precisão ilusória e uma promessa de estabilidade igualmente ilusória.

 

The Myth of Capitalism: Monopolies and the Death of Competition, de Jonathan Tepper e Denise Hearn (Wiley)

Esse é um livro verdadeiramente importante. A desaceleração do crescimento e a crescente desigualdade se tornaram uma combinação tóxica. Há quem culpe os excessos do capitalismo de mercado por essa mistura infeliz e politicamente perigosa. Nesse livro pesquisado brilhantemente, os autores demonstram que o oposto é o caso. O que emergiu nos últimos 40 anos foi uma forma predatória de capitalismo monopolista. Da mesma forma que no começo do século 20, precisamos de uma retomada das leis antitruste, não só para proteger os consumidores mas para proteger a competição em si.

 

Crashed: How a Decade of Financial Crises Changed the World, de Adam Tooze (Allen Lane)

"Crashed" oferece aos leitores um relato detalhado e pesquisado brilhantemente sobre as origens e consequências da onda de crises financeiras que emanaram do cerne do sistema financeiro mundial a partir de 2007. A prosa é clara. A erudição, notável. Mesmo pessoas que acompanharam essa história de muito perto terão bastante a aprender.  A lição crucial é que crises como essas não apenas eventos financeiros ou econômicos: tem consequências políticas amplas e duradouras.

 

Keeping At It: The Quest for Sound Money and Good Government, de Paul A Volcker e Christine Harper (Public Affairs)

O livro é o testamento do mais importante funcionário a trabalhar na área de política econômica na geração passada. E é mais que um relato de sua vida pelo homem que derrotou a inflação, como chairman do Fed entre 1979 e 1987. O livro representa seu credo. Perto do fim, Volcker escreve: "Enfrentamos um grande desafio neste país, o de restaurar um senso de propósito público e a confiança no governo. Para isso serão precisos reformas criticamente necessárias de nossos processos políticos, e líderes capazes de restaurar e preservar um consenso do qual nossa grande democracia possa depender".
 
Tradução de PAULO MIGLIACCI

MAIS VENDIDOS

Veja livros que se destacaram na semana

TEORIA E ANÁLISE

1º/-  Arriscando a Própria Pele, Nassim Nicholas Taleb, Ed. Objetiva, R$ 54,90
2º/5º Rápido e Devagar, Daniel Kahneman, Ed. Objetiva,  R$ 62,90
3º/-  Desafios da Gestão, Harvard Business Review, Ed. Sextante, R$ 49,90
4º/1º  Marketing 4.0, Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan, ed. Sextante, R$ 49,90
5º/- Menos Estado e Mais Liberdade, Donald J. Boudreaux, Faro Editorial, R$ 24,90


Prática e Pessoas

1º/-  Pai Rico, Pai Pobre, Robert T. Kiyosaki e Sharon L. Lechter, ed. Alta Books, R$ 65
2º/1º A Sutil Arte de Ligar o F*da-se, Mark Manson, Ed. Intrínseca, R$ 29,90
3º/3º Me Poupe!, Nathalia Arcuri, Ed. Sextante, R$ 29,90, 
4º/5º Seja Foda!, Caio Carneiro, Ed. Buzz, R$ 39,90
5º/4º  O Poder da Ação, Paulo Vieira, ed. Gente, R$ 29,90


Lista feita com amostra informada pelas livrarias Curitiba, da Folha, da Vila, Saraiva e Argumento; os preços são referências do mercado e podem variar 
 

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