Matias Spektor

Professor de relações internacionais na FGV.

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Matias Spektor
Descrição de chapéu Eleições 2018

Julgando o programa de política externa dos candidatos à Presidência

Promessas não permitem prever quais medidas serão de fato tomadas, mas indicam muita coisa

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Candidatos à Presidência participaram de debate realizado pela Bandeirantes; no sentido horário, Alvaro Dias (Podemos), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Cabo Daciolo (Patriota)
Candidatos à Presidência participaram de debate realizado pela Bandeirantes; no sentido horário, Alvaro Dias (Podemos), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Cabo Daciolo (Patriota) - Nelson Almeida/AFP

Nas próximas semanas, dedicarei a coluna à plataforma de política externa dos candidatos à Presidência. Antes de esmiuçar cada programa, é necessário estabelecer uma métrica para compará-los. 

O diagnóstico que embasa a análise é simples: vivemos um momento péssimo nas relações internacionais do Brasil.

As contas públicas —recurso necessário para projetar influência no exterior— estão desarrumadas.
A produtividade da força de trabalho —que determina quem consegue galgar posições na hierarquia global— arrasta-se no chão. 

Bons instrumentos diplomáticos —como o Mercosul e os empréstimos internacionais do BNDES— colapsaram ou se fragilizaram. Para piorar a situação, a América do Sul deixou de ser estável. 

A fronteira com a Venezuela vira manchete, e nossa situação de segurança externa, pela primeira vez em décadas, deixou de ser benigna: o Brasil virou rota do narcotráfico sul-americano e guarida do crime organizado —e há uma epidemia de violência em todo o território. 

Dado esse diagnóstico, há três princípios básicos de política externa para o governo que virá. 

Primeiro, a diplomacia precisará reagir ao narcotráfico e ao crime organizado, duas forças transnacionais. Na prática, isso significa atuar em temas como proliferação de pequenas armas, cooperação internacional em inteligência e policiamento, combate ao contrabando e à pirataria na extensa costa brasileira e o fechamento dos canais ainda existentes para a lavagem de divisas.  

Segundo, a política externa tem o potencial de ajudar muito para a prosperidade do país, atuando para promover mais emprego e renda. Isso demandaria rever parte da agenda de comércio exterior e nossa atitude em relação às regras da Organização Mundial do Comércio. 

Terceiro, caberá ao próximo governo ajudar a recompor a reputação internacional do país perdida na esteira da Lava Jato. Isso demandaria uma diplomacia pública inédita nos anais da política externa nacional. 

É claro que a busca consciente desses objetivos não é garantia de resultados positivos. Iniciativas inteligentes podem morrer na praia porque o próximo governo terá de acomodar interesses divergentes e grupos de pressão bem organizados. Além disso, cada medida adotada produzirá reações, difíceis de prever e controlar. 

Assim, as promessas de campanha feitas nos programas de governo não permitem prever quais medidas o próximo mandatário tomará de fato. Mas indicam muita coisa. 

Os candidatos apresentam uma estratégia coerente com a realidade global para tornar o Brasil mais seguro e próspero? Aprenderam algo do passado? 

A partir da semana que vem, será essa a régua que utilizarei.

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