Maurício Meireles

Coluna editada por Maurício Meireles, repórter da Ilustrada.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maurício Meireles

Sem eventos, crise afeta também vida dos escritores

Cancelamento de palestras, oficinas e feiras são golpe nas contas de quem escreve ficção

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

É certo que editoras enfrentarão tempos duros enquanto livrarias não conseguirem normalizar seus pagamentos, mas há outro elo da cadeia prejudicado com a crise trazida pelo novo coronavírus --os escritores.

É claro que a queda ou o não pagamento pelas vendas de livros os afeta, mas a maior parte deles já não vivia de direitos autorais de todo modo.

O principal golpe nas contas de quem escreve ficção vem de outro lado --o cancelamento de palestras, oficinas e feiras literárias, de onde muitos tiram seu sustento.

Entre os eventos já adiados, por exemplo, estão a Feira do Livro de Ribeirão Preto, que foi para dezembro, e a Flipoços, que foi para agosto.

Alguns tiveram oficinas transformadas em cursos online, mas também há cancelamentos. Houve ainda o fechamento das unidades do Sesc em São Paulo, cujo circuito reunia diversas atividades literárias, sem falar nas viagens que autores costumam fazer para unidades de outros estados.

"Parece-me que os escritores são o substrato, o lastro essencial [do mercado], mas não são beneficiados em quase nada", diz o escritor Joca Reiners Terron, que teve dois eventos cancelados. ''Eles são o sustentáculo da cadeia editorial e ao mesmo tempo não pertencem a ela."

O escritor Joca Reiners Terron
O escritor Joca Reiners Terron - Marcus Leoni/Folhapress

FREELAS Outro impacto do qual ainda não se falou em soluções é aquele sobre os profissionais do livro que prestam serviço como pessoas jurídicas --caso de designers, tradutores, preparadores e revisores. Como em todo o mercado cultural, eles são a maioria. A expectativa é que, se o mercado demorar a voltar ao normal, haja desemprego massivo nesse setor.

PERIFERIA O escritor Marcelino Freire --que chegou a organizar uma festa de aniversário online-- destaca o impacto já concreto na geração de autores da periferia que imprimem seus livros de forma artesanal e cuidam eles próprios das vendas, sobretudo em eventos --alguns os chamam de "geração maquininha", por causa das máquinas de crédito e débito que levam consigo.

PERIFERIA 2 Um dos exemplos do impacto nas periferias é a Casa Poética, centro cultural recém-inaugurado em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, que pretendia ser, entre outras coisas, uma incubadora de escritores da periferia. Agora fechado, o espaço iniciou uma campanha de financiamento coletivo. A quem quiser colaborar, o endereço é apoia.se/casapoetica.

ATCHIM! Com lançamentos suspensos e sebos dependendo só de vendas online, a coluna passa a publicar, enquanto durar a crise de saúde, dicas de obras fora de catálogo. Veja abaixo.

LIVROS DO BAÚ
'Orestes Barbosa - Repórter, Cronista e Poeta', Carlos Didier, ed. Agir
Lançada em 1988, é a biografia do compositor, repórter e escritor do Rio de Janeiro da primeira metade do século 20. Antes de se tornar tudo isso, Barbosa foi menino de rua. Conviveu com Lima Barreto e João do Rio, entrevistou figuras como João Cândido e Pixinguinha e foi parceiro de Francisco Alves, Noel Rosa e Wilson Baptista, entre outros. É um livro não só para quem se interessa pela história do período, mas também gosta de uns bebuns, malandros e sambistas.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.