Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Por causa da crise, Extra radicaliza promoções
Com a perspectiva de mais um ano difícil no setor supermercadista, o Extra, do Grupo Pão de Açúcar, decidiu investir em uma política de preços agressiva para tentar segurar seus clientes.
A rede vai adotar descontos progressivos de até 33% em um terceiro item comprado.
Marcus Leoni/Folhapress | ||
Luis Moreno, diretor de multivarejo da rede de supermercados |
Não serão todos os itens que entrarão na promoção –haverá uma lista de mil produtos, a maioria alimentos, que será trocada de tempos em tempos, diz Luis Moreno, diretor-executivo de multivarejo (Extra e Pão de Açúcar).
No ano passado, a ida aos supermercados diminuiu 4,3%, e o volume de compras por lar caiu 3,5% segundo a Nielsen. O setor de atacarejo, no entanto, cresceu 12%.
"Queremos atacar essa sensibilidade a preços. Fizemos pilotos para testar a elasticidade de demanda", afirma o executivo.
A companhia experimentou por quatro semanas o plano de negócios e utilizou os resultados considerados positivos para negociar parcerias com seus fornecedores.
Vendas Grupo Pão de Açúcar - Multivarejo
Outras duas estratégias de promoções deverão ser lançadas ao longo deste ano.
Uma delas será parecida com o programa governamental argentino "Precios Cuidados", em que os valores de uma marca específica ficam congelados para forçar as outras a não remarcar, diz o executivo, que já trabalhou no país vizinho.
As lojas do Pão de Açúcar não devem adotar as mesmas promoções, pois os clientes não reagem tanto a preços mais baixos, afirma Moreno.
O concorrente Carrefour, por sua vez, planeja investir em diferentes formatos, como lojas menores, e no Atacadão, que tem 114 pontos.
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Importação de têxteis cai 30%, mas produção local não reage
A importação do setor têxtil e de confecções paulista caiu 29,85% no primeiro bimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015, segundo o Sinditêxtil-SP (sindicato do setor).
A retração é reflexo da desvalorização do real somada à redução da demanda no varejo, diz o presidente da entidade, Alfredo Bonduki.
A produção local, no entanto, não reagiu e diminuiu 20,4% no segmento têxtil e 9,8% no de confecções.
"A indústria nacional sofreu com a alta de custos, que encarece o produto. Muitos insumos são importados, e houve alta na tributação."
A China, responsável por 70% das importações, é o principal competidor.
A expectativa é que, neste primeiro semestre, a produção têxtil tenha nova queda, entre 5% e 8%, e que, no segundo, se estabilize.
O deficit na balança comercial diminuiu, mesmo com a redução de 3,9% na receita com exportações. "O real ficou mais competitivo em comparação ao dólar, mas não tanto em outros mercados."
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FARDO MENOR
Depois de 22 meses consecutivos de queda, o faturamento do setor atacadista distribuidor cresceu em termos reais em fevereiro -alta de 6,16% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados são da Abad (de atacadistas e distribuidores).
"Ao longo de 2015, as empresas se adaptaram à realidade de crise, se reajustaram, fizeram melhorias em seus processos internos e buscaram racionalizar gastos", diz José do Egito Lopes Filho, presidente da entidade.
ENTREGA MAIS LEVE - Variação real de faturamento, em %
O resultado positivo também se deve, em parte, à base de comparação. Em fevereiro de 2015, a queda foi de 12,75%, lembra Lopes Filho.
"Para conter gastos e diminuir as demissões, a empresa fez com que o funcionário revisse atividades e trabalhasse em mais funções."
Como o setor é um dos que refletem mais rapidamente a economia, a tendência é que ele se recupere com a melhora do cenário político, avalia.
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ALÉM DA BAGUETE
Empresas francesas do setor de saúde (25%) são as que mais consultaram a Câmara de Comércio França-Brasil para investir no país em 2015. Companhias de tecnologia e indústria ficaram com 16% e 10%, respectivamente.
A área de serviços, que liderou as demandas em 2014, representou 8% dos pedidos.
Ao todo, a entidade de comércio recebeu 308 requisições de informações em 2015, pouco menos que as 312 do ano anterior.
"O real está barato [para empresas francesas], o que reduz o custo para se estabelecer no país. E quando a recessão passar, estarão prontas para crescer", diz Roland de Bonadona, presidente da câmara.
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Aperitivo...
O amendoim é consumido por 88% dos brasileiros, segundo pesquisa da Abicab, feita pelo Datafolha.
...multiúso
Para 63%, o alimento é ideal para ser incluído em dietas. A pesquisa ouviu 2.095 pessoas, de 132 cidades.
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Hora do café
Editoria de Arte/Folhapress | ||
com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN
Livraria da Folha
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