Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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Na contramão da arrecadação total, CSLL tem alta real de 4% em 2016
A CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido) teve uma alta de 4% em termos reais entre janeiro e novembro deste ano. O tributo é um dos poucos que subiram: as fontes administradas pela Receita Federal tiveram queda de 2,54% no ano.
Desde setembro de 2015, aumentaram as alíquotas dessa contribuição para as instituições financeiras -elas saíram de 15% e foram para 20% (as cooperativas de crédito são exceção e pagam 17%).
A alta tem prazo para terminar: a lei que estabeleceu esses valores determina que, em janeiro de 2019, as taxas voltam aos níveis anteriores.
O aumento foi uma maneira de reduzir a queda de arrecadação, segundo Aldo de Paula, do Azevedo Sette.
"Os bancos são grandes contribuintes, o setor financeiro ainda tem lucros e, com a redução de outros setores da economia, como a indústria, essa foi uma saída."
O IPI, que incide sobre a circulação de produtos industriais, teve uma queda real de 12,51% no acumulado de janeiro a novembro.
Para o governo federal, há uma vantagem em elevar a CSLL: não é compartilhada com os Estados, caso do IPI, por exemplo, afirma Rafael Bistafa, economista da Rosenberg e Associados.
"A contribuição é para a seguridade social, mas 30% das receitas da União podem ser desvinculadas e entram no caixa do governo para ele alocar onde bem entender."
RENDIMENTO DA UNIÃO - Evolução da arrecadação acumulada ao ano, em %
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Crise sem dor
No ano penoso que foi 2016, o mercado de analgésicos cresceu 14,3%. Na Pfizer, o produto que leva a sua marca teve desempenho ainda melhor: alta de 35% das vendas.
Uma das razões do aumento foi a expansão no Norte e no Nordeste.
O medicamento já estava em farmácias das regiões, mas sem destaque nas gôndolas, afirma Camilo Tedde, que dirige no país a Pfizer Consumer Healthcare, divisão de produtos isentos de prescrição.
"As vendas cresceram porque a disponibilidade do item subiu, houve expansão das redes de varejo e melhor distribuição."
O multivitamínico, por sua vez, cresceu menos neste ano, 5,77% –acima da alta do segmento, de 4,8%.
"Produtos ligados à prevenção cresceram menos que os de tratamento, ou subiram perto da inflação. Compras de remédios para dor não são adiadas como as outras", diz.
"Mas há ainda muito por fazer. Na Colômbia, a penetração de multivitamínicos na população é de 38%, nos Estados Unidos, de 55%, e no Brasil, só 14%."
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Indústria eletrônica prepara proposta para substituir benefício fiscal condenado pela OMC
O setor de eletroeletrônicos deverá apresentar ao governo, no início de 2017, uma nova proposta de política industrial para substituir a Lei da Informática, um dos programas considerados ilegais pela OMC em novembro.
"Alguns instrumentos foram condenados, mas vamos elaborar uma reforma para que [o benefício fiscal] se adeque", afirma Humberto Barbato, presidente da Abinee, que reúne as fabricantes.
Em 2014, a renúncia fiscal chegou a cerca de R$ 5,2 bilhões, segundo os dados mais recentes do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Neste ano, o faturamento da indústria deverá ter uma retração anual de 8%, já considerada a inflação.
A maioria das empresas espera uma recuperação dos negócios a partir do segundo trimestre de 2017 –a expectativa é uma alta nominal de 1% da receita do setor no ano.
O aumento deverá ser puxado pelo setor elétrico, cuja demanda está ligada a obras de infraestrutura.
"As concessões já começam a ser retomadas. No caso do segmento de eletrônicos, que depende do poder de compra do consumidor, a evolução deverá demorar mais."
BATERIA EXTRA - Resultados da Lei da Informática
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Aumento milagroso
As salas de cinema tiveram 14 milhões de espectadores a mais neste ano que em 2015, apesar da inflação e da alta do desemprego.
Houve um aumento de público (o dos estrangeiros teve alta de 6,2%), mas "Os Dez Mandamentos", líder do ano, inflou o desempenho do setor inteiro. Foram 11,3 milhões de ingressos -parte deles, porém, ganhou a entrada e não foi à sessão.
Em abril, quando o filme entrou em cartaz, representantes das exibidoras afirmaram que não tinham como averiguar qual era a porcentagem de público que efetivamente comparecia.
A expansão das salas e o comportamento da classe C, que incorporou o hábito de frequentar o cinema, também explicam o aumento, diz Paulo Sérgio Almeida, diretor da consultoria Filme B.
"Existe uma teoria que, durante crises, as pessoas buscam filmes para escapar da realidade, mas esse raciocínio não é verdadeiro."
NO ESCURINHO - Mercado exibidor tem alta
Maiores faturamentos - Em R$ milhões
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Hora do café
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