Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Volatilidade com eleição deve crescer em abril, avaliam bancos
Para três banqueiros ouvidos pela coluna, o mercado ainda coloca no preço dos ativos a eleição de um candidato de centro, comprometido com reformas e ajuste fiscal.
Números do mercado seguem apontando para uma eleição sem sustos. Mas isso pode mudar a partir de abril, quando ficarão claras as candidaturas, diz Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.
"A taxa de câmbio e o CDS estão condizentes com a continuidade de medidas econômicas. Caso o governo abandone [essa política], os ativos vão se reajustar", diz.
Já se notam efeitos da incerteza. A curva da taxa de juros futura mostra elevação constante dos contratos ao longo de 2018.
"Em geral, o mercado fica mais sensível a partir de abril." Apesar de um aperto no câmbio na semana passada mais provocado por fatores externos, o cenário global segue favorável.
A taxa de crescimento do PIB mundial é a mais forte desde 2010. A previsão é de chegar neste ano e no próximo a 4%, favorável a economias emergentes.
Nos EUA, a elevação lenta dos juros deve continuar.
"Nossas empresas mantém um bom acesso a mercados de capitais internacionais, com atividade intensa na emissão de títulos e ações. Teria de ver quanto a alta da curva de juros tem a ver com a incerteza fiscal."
Entre grandes investidores do exterior, há preocupação sobre o cenário eleitoral e fiscal. "Não agora, mas a partir de 2019. Acreditamos que vão continuar a reduzir posição, ou ao menos não aumentar", afirma.
O preço dos ativos poderia estar melhor por causa de dúvidas da trajetória fiscal, diz.
"Mas a visão que se tem é bem melhor que há um ano ou dois atrás, principalmente pelos sinais de retomada econômica e queda de inflação", ressalva.
"Os investidores estão com otimismo cauteloso, pelo problema fiscal e incerteza sobre continuidade de ajuste fiscal."
*
Construtoras querem rever remuneração de ruas e estradas
Empresas que constroem estradas querem rediscutir termos de contratos e vão procurar o Dnit (Departamento de infraestrutura de transportes) e o TCU (Tribunal de Contas da União).
A Petrobras reajustou o preço do asfalto em 12%, na média, e por isso não é possível manter os termos pactuados com a União e entes federativos, elas alegam.
"Temos reuniões agendadas com os dois órgãos para discutir o que fazer com os contratos em andamento", diz José Carlos Martins, presidente da Cbic (câmara da indústria da construção).
As companhias do setor não têm alternativa a não ser comprar da Petrobras, ele afirma, pois ela é a única que refina asfalto e não há estrutura para importar.
A estratégia é rever os termos de contratos com a União e, depois, com Estados e municípios, diz ele.
Um aumento de 12% no preço dessa matéria-prima representará uma alta total de custos em torno de 5%, afirma Ricardo Portella, diretor-executivo da Sultepa.
"O Dnit remunera as empresas com 15% de margem. Paga-se PIS, Cofins e outros impostos. Se o principal componente aumentar dessa forma, inviabiliza o setor."
ESTRADA EM CONSTRUÇÃO - Produção de asfalto no Brasil
*
No pregão estrangeiro
Os três países que compõem o Mercosul (excluída a Venezuela) são considerados os mercados mais promissores para a atuação de empresas brasileiras em compras governamentais, aponta a CNI (confederação da indústria).
Argentina, Uruguai e Paraguai foram mencionados como prioridade por cerca de 30% das empresas e federações consultadas.
"É um setor que movimenta US$ 90 bilhões (R$ 294 bilhões) nestes países, diz Fabrizio Panzini, da entidade.
"Somos um bloco que se comprometeu a ter um mercado único, mas falta muito para se atingir a integração."
Cerca de 69% dos consultados pela CNI afirmam que há oportunidades para participar em licitações de outros países –ainda que, para que isso ocorra, seria necessário permitir a entrada de estrangeiros no mercado brasileiro.
A expectativa é que um acordo de compras governamentais do Mercosul seja concluído até dezembro deste ano. Em setembro, representantes dos governos se reuniram e se comprometeram a trocar ofertas sobre o tema.
Compras governamentais - Países com o mercado mais atrativo, segundo a iniciativa privada brasileira
*
Franquia... A Mr. Cheney, rede de docerias especializada em cookies, abrirá dez lojas e chegará a 80 unidades até o fim deste ano.
...no forno Foram 11 inaugurações até setembro de 2017. As próximas operações serão em São Paulo, Natal, Porto Alegre e Petrópolis (RJ).
Educação... A Fatec de Campinas passará a oferecer um curso superior tecnológico de gestão de energia e eficiência energética em 2018.
...eletrizada O curso de três anos é resultado de uma parceria entre o Centro Paula Souza e a Secretaria de Energia e Mineração do Estado.
*
com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade