Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Grupo Petrópolis aumentará capacidade produtiva em 30%
O grupo Petrópolis, que produz as cervejas Itaipava e Crystal, vai investir R$ 820 milhões no próximo ano para aumentar sua produção em 30% e para lançar uma nova marca no mercado. Os recursos são próprios.
"Estamos com a nossa capacidade quase toda tomada hoje. Vamos subi-la de 2,2 bilhões de litros ao ano para 3 bilhões de litros", diz o diretor de controladoria da empresa, Marcelo de Sá.
Quase todo o aporte a ser feito, R$ 800 milhões, será aplicado nas linhas de cervejas da companhia.
"Vamos ter a produção aumentada já na segunda metade do ano", afirma a gerente Eliana Cassandre.
Não estão definidas ainda quais plantas receberão reformas e equipamentos.
A companhia vai lançar, na segunda quinzena de janeiro, uma cerveja voltada ao público jovem de alta renda. A marca estará inicialmente nas gôndolas de supermercados de São Paulo e Rio.
O desenvolvimento do novo produto envolve cerca de R$ 20 milhões em pesquisa de mercado, embalagens e testes com a bebida.
"A ideia com a nova marca é crescer no mercado premium", diz Marcelo de Sá.
A expansão do Petrópolis ocorre após um ano fraco para o setor. "O mercado de bebidas [como um todo] está em retração em 2017, mas vamos crescer 1%", afirma.
O resultado é influenciado pela alta do consumo no Nordeste, onde a empresa tem buscado melhorar a logística.
O grupo vai continuar o processo de expansão da rede de distribuição para atender à demanda dessa região e do Centro-Oeste no próximo ano.
Em 2018, o Petrópolis prevê crescer de 3% a 4% em vendas. "Estamos otimistas com a economia e vamos buscar um aumento da participação de mercado", diz Cassandre.
RAIO-X
26 mil
é o número de funcionários
7
é o total de fábricas
13
são as marcas da companhia
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Economistas querem índice de inflação sem alta volatilidade
Três economistas da FGV propõem um novo cálculo de inflação para que itens voláteis não atrapalhem a percepção da tendência dos preços.
Produtos que variam demais sujam a inflação, o que dificulta o entendimento de qual é realmente a direção dos preços, argumentam Pedro Ferreira, Daiane de Mattos e Vagner Ardeo.
Más condições do tempo podem encarecer os alimentos, mas o evento é transitório, e os preços voltarão a cair. "Esse comportamento transitório adiciona ruído à taxa de inflação", escreveram na revista de economia da FGV.
A ideia consiste em fazer três ajustes ao IGP. O primeiro é aparar do número as variações extremas de preços (os "outliers").
A segunda é calcular os efeitos de sazonalidades (como os da oferta de alimentos) e retirar esse valor do índice.
Por fim, sugerem calcular uma média móvel dos três últimos meses -por exemplo, o número deste mês seria a soma de outubro, novembro e dezembro dividido por três.
Há outros índices que buscam isolar o núcleo da inflação, mas o triplo filtro proposto pelos economistas é uma versão que retira ainda mais volatilidade do número.
"O preço do tomate não é algo conjuntural da economia. Os choques dele não vão se espalhar para outros produtos. A preocupação deveria ser olhar só para o núcleo", afirma Ferreira.
O cálculo para tirar excesso de variação funciona para baixo: o IGP caiu mais que o indicador deles, diz.
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Mudança nos hortifrutis
Evitar incluir no índice de inflação variação extrema de preço de hortifrutigranjeiros, pela sazonalidade dos produtos, é válido, segundo Sérgio Werlang, ex-diretor de política monetária do Banco Central.
"Não gosto de tirar preço de energia, como nos EUA."
"Quando não é época de uma fruta, o preço dela sobe muito, e as pessoas consomem outro tipo de fruta."
O ex-ministro Mário Henrique Simonsen reclamou algumas vezes dos indicadores, denominando a inflação do mamão, lembra ele. "Um peso excessivo era dado a esses produtos, quando, na verdade, não eram consumidos da mesma forma quando os preços subiam muito."
Quando se criou o IPCA, os hortifrutigranjeiros eram ponderados geometricamente, permitiam a substituição entre produtos: morango caro, consomem-se mais outras frutas da estação.
"O gasto com morango na cesta de consumo varia conforme a época. Resolvia o problema da grande oscilação. Infelizmente, o IBGE colocou pesos fixos, e esses itens influenciam o índice", lamenta.
"Sou favorável a evitar esse problema. Não evitar oscilação, mas, refletir corretamente o comportamento das pessoas, que consomem menos de produtos que aumentam de preço."
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Uma nova tentativa
O governo de São Paulo relançou o edital de um fundo imobiliário que havia sido suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado.
Na nova versão, 264 imóveis serão incorporados pelo fundo, três a menos que no texto original do documento.
É uma tentativa de comercializar esses prédios de uma outra forma que não um a um, por concorrência pública.
As propriedades passarão do Estado ao fundo, que terá seu próprio conselho gestor.
O propósito do edital é contratar administradores fiduciários e corretores para que eles encontrem compradores para esses imóveis.
A ideia é dar a eles o uso que o mercado considerar apropriado: aluguel, venda ou outra forma de exploração.
Depois de cinco anos, o fundo será diluído e o capital retornado ao caixa do Estado.
A expectativa é arrecadar, por meio desse mecanismo, cerca de R$ 1 bilhão.
O governo tentou, sem sucesso, vender alguns dos prédios. A lei de licitação exige pagamento à vista, que é incomum para incorporadoras.
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Saúde O Fleury, de diagnósticos, sob consultoria da Schneider Electric, passou a comprar energia no mercado livre em nove de suas unidades.
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com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS
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